Mais de 30% das mortes em rodovias federais brasileiras nos
últimos anos estão relacionadas ao desrespeito às normas de trânsito. É o que
revela a Avaliação das Políticas Públicas de Transporte, estudo realizado pelo
Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil com base em dados da Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
O levantamento mostra que, entre 2007 e 2016, do total de
mais de 76 mil óbitos registrados nas estradas, mais de 23 mil deles foram
motivados pelo não cumprimento de leis de trânsito.
O estudo divide as causas
das ocorrências envolvendo a falta de respeito às regras de trânsito em:
dirigir em velocidade incompatível (responsável por 11,6% dos óbitos no
período), realizar ultrapassagem indevida (8,4%), conduzir o veículo após a
ingestão de álcool (4,8%), desobedecer a sinalização (4,4%) e não manter
distância de segurança (1,1%).
Para o diretor do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), Maurício Alves, para reduzir esses índices, é essencial educar e
conscientizar a população brasileira sobre a importância da segurança no
trânsito. “O que nós estamos efetivamente trabalhando e iremos implementar como
política de Estado é a necessidade de uma formação melhor do nosso condutor -
desde os níveis primários até os condutores que estão hoje nas nossas vias”,
afirma.
A segunda principal causa dos acidentes rodoviários que
resultam em morte é a falta de atenção e o adormecimento. Juntos, esses dois
fatores respondem por 23,4% do total de óbitos nos dez anos analisados. Os
outros motivos identificados identificados pelo estudo foram: defeitos
mecânicos (2%), presença de animais na pista (1,3%) e defeitos viários, causa
de apenas 1,2% dos acidentes fatais.
Sem identificação
Além da elevada quantidade de mortes, outro dado preocupante
é o que aponta o número de vezes em que as causas dos acidentes não puderam ser
identificadas. Segundo o estudo, em 41,7% dos registros não foi possível
apontar o motivo da ocorrência – esse percentual cai para 30% nos casos em que
houve apenas feridos.
O consultor de segurança no trânsito da Organização
Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Victor
Pavarino, destaca a importância de uma coleta de dados qualificada, para que
ações preventivas possam ser efetivamente aplicadas. “Com boa informação, os
recursos humanos, materiais, financeiros, podem ser direcionados de forma
eficaz, em benefício não apenas do setor de segurança pública, mas também do
setor de saúde, onde recaem muitos dos custos das mortes e lesões no trânsito”,
analisa.
De acordo com Maurício Alves, o Denatran já trabalha no
desenvolvimento de uma nova metodologia de identificação das causas de
acidentes, o que, segundo ele, diminuirá consideravelmente os níveis atuais de
ocorrências cujos motivos não são especificados. “Com a metodologia que será
aplicada a nível nacional, unificada, [o índice de causas não identificadas]
irá reduzir muito, e teremos dados mais concretos para trabalhar e, acima de
tudo, termos políticas públicas voltadas para a redução de um número tão alto
de mortes e feridos nas nossas vias”, explica.
Fim de ano e férias
escolares
O período do ano em que a movimentação nas estradas é mais
intensa, por conta das festas de fim de ano e das férias escolares, concentra o
pico das ocorrências. Assim, as maiores taxas são registradas em dezembro
(10,1%) e janeiro (8,7%), considerando-se tanto o número de mortos quanto o de
feridos. Outros meses com expressivos índices de acidentes são outubro (8,5%) e
julho (8,4%), mês que também é marcado pelo recesso das escolas.
Ao analisar a distribuição diária, o estudo aponta para uma
alta concentração de ocorrências aos fins de semana. Com 19,4% do total de
incidentes registrados, domingo lidera a estatística, sendo seguido por sábado
(18%) e sexta-feira (14,8%). Em relação ao horário, o período entre 18h e 19h
apresenta o maior índice, com 7,9%.
Para Victor Pavarino, é necessária uma atenção especial das
autoridades para essas situações. “Nos períodos e locais onde há mais acidentes
de trânsito, é importante intensificar as ações de conscientização, engenharia
e fiscalização”, avalia o especialista em segurança viária. Com informações do
Portal Brasil.
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