A pandemia do novo coronavírus deve aumentar em 82% o número
de pessoas com fome em todo o planeta. O Brasil é um dos países mais ameaçados.
A crise alimentar, que já era grave por causa de conflitos, mudanças climáticas
e desigualdades sociais, deve se agravar neste ano com a pandemia.
O estudo da ONG internacional Oxfam revela que, este ano, o
número de pessoas que passa fome pode chegar a 270 milhões em todo o mundo,
contra 149 milhões em 2019. O estudo calcula que 12 mil pessoas podem morrer
por dia por causa das complicações geradas pela falta de alimentos. Número maior
do que as vítimas da Covid.
Mais de 6 a cada 10 pessoas com fome estão concentradas em
10 países: Iêmen, Afeganistão e Síria, no sudeste da Ásia; República
Democrática do Congo, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul e região do Sahel, no
continente africano; e Haiti e Venezuela, nas Américas.
O Brasil, que saiu do mapa da fome em 2014, registrou um
aumento de 100 mil pessoas em situação de fome entre 2017 e 2018. Situação que
pode ser agravada, segundo destacou Maitê Guato, da ONG Oxfam Brasil.
Na região da Estrutural, uma comunidade carente do Distrito
Federal, Maria Nazaré de Almeida tem uma creche e organiza a distribuição de
cestas básicas para 130 famílias. Ela conta que as doações vêm caindo desde o
início da pandemia, e que muitos já passam por necessidades.
Junto com o Brasil, Índia e África do Sul também preocupam a
organização. Ainda segundo o estudo, as oito maiores empresas de alimentos e
bebidas do mundo desembolsaram em lucros para os acionistas, só em 2020, mais
de US$ 18 bilhões. 10 vezes mais do que os pedidos de assistência alimentar e
agrícola feitos pela ONU para ajuda humanitária durante a pandemia.
O relatório da Oxfam traz seis medidas básicas para combater
o problema da fome: financiar os apelos da ONU por ajuda humanitária; construir
sistemas alimentares mais justos; promover a participação e liderança das
mulheres nas decisões, já que são as mais atingidas pela fome; cancelar dívidas
dos países mais pobres para que adotem medidas de proteção social; além de um
cessar-fogo global nos conflitos e tomar medidas para combater a crise
climática. (Rádio Agência Nacional)
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