O ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco,
junto com os demais presos nesta quinta-feira, foram responsáveis por
movimentar, irregularmente, R$ 1,8 bilhão, envolvendo vários órgãos públicos e
empresas estatais.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a organização
atuava há 40 anos, tendo entre os envolvidos, Temer e o amigo dele João
Baptista Lima Filho, conhecido como coronel Lima.
A procuradora Fabiana
Schneider ressaltou que a organização começou quando Temer era secretário de Segurança
de São Paulo e coronel Lima como auxiliar imediato. “Coronel Lima e Temer atuam
desde a década de 80 juntos, quando Temer ocupou a Secretaria de Segurança de
São Paulo.
Lima passou a atuar na Argeplan (empresa e engenharia), com vários
contratos públicos. Houve crescimento de contratações da Argeplan quando Temer
ocupou cargos públicos.
Uma planilha identifica pagamentos e promessas ao longo de 20 anos para MT, ou seja, Michel Temer”, disse a procuradora. Segundo ela, o caso da mala de dinheiro apanhada por Rodrigo Rocha Loures, na época era assessor de Temer, propiciou a coleta de áudios, identificando que coronel Lima atuava na intermediação para entrega de dinheiro. A reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente, segundo a procuradora, foi feita com dinheiro ilícito. “A reforma na casa de Maristela Temer não deixa dúvida de como o dinheiro entrava na Argeplan e saia em benefício da família Temer”, disse. De acordo com Fabiana Schneider, foi identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões na conta da Argeplan, em outubro de 2018.
O procurador regional da
República, Eduardo El Hage, explicou que o valor de R$ 1,8 bilhão é fruto da
soma de todos os crimes imputados ao grupo, nos últimos 40 anos. “Existe uma
tabela discriminando todos os valores de propinas na peça do MPF. Eles vêm
assaltando os órgãos públicos há décadas”, disse El Hage, acrescentando que a
Lava Jato continuará as investigações. A composição do valor bilionário também
foi comentado pelo procurador da Lava Jato, Sérgio Pinel. “Este grupo criminoso
adotava como modus operandi o parcelamento da propina por vários anos.
Todas as
propinas que identificamos ou que esteja em investigação, promessa ou paga,
somamos e chegamos a esta cifra”, explicou. Temer e Moreira Franco, presos
nesta quinta-feira (21), em um desdobramento da Operação Lava Jato, ficarão
detidos em uma cela especial da Unidade Prisional da Polícia Militar, em
Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A determinação é do juiz
Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal, atendendo um pedido da
Força-Tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal. Os
procuradores alegaram que, por ser ex-presidente da República, Michel Temer tem
direito a tratamento especial, assim como Moreira Franco, que foi ministro até
dezembro de 2018. Michel Temer foi preso em casa, em São Paulo, e Moreira
Franco, ao desembarcar no Aeroporto Internacional Galeão-Tom Jobim, no Rio de
Janeiro.
Ambos devem passar por exame de corpo delito antes de serem levados
para a unidade prisional. O ex-presidente e o ex-ministro são acusados de
receber propina de obras relacionadas à Usina Nuclear Angra 3, no Rio de
Janeiro. O advogado do ex-presidente, Eduardo Carnelós, disse, por meio de
nota, que a prisão de Temer não tem fundamentos. Em nota, a defesa de Moreira
Franco manifestou “inconformidade com o decreto de prisão cautelar”. Com
informações da Agência Brasil.
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