Com que frequência você limpa a sua geladeira? E os ovos?
Costuma lavar antes de arrumar na bandeja? Uma pesquisa da Faculdade de
Biomedicina da UniMetrocamp, em Campinas (SP), analisou 40 partes de geladeiras
e constatou a presença de mais de 2 milhões de bactérias, além de mais de 44
mil bolores e leveduras.
E não se engane pensando que as baixas temperaturas desse
ambiente afastam os riscos para a saúde.
"A baixa
temperatura só deixa o micro-organismo mais lento. A bactéria vai crescer, mas
lentamente. Isso não quer dizer que ela vai estar morta. Ela vai estar bem viva
naquele ambiente", afirma a doutora em ciências de alimentos e
coordenadora do estudo, Rosana Siqueira.
Além dos 8 porta-ovos, foram analisadas amostras coletadas
de 8 maçanetas, 8 gavetas, 8 prateleiras e 8 borrachas de vedação. Todas as
geladeiras do estudo são domésticas.
Entre os micro-organismos identificados por Rosana e as alunas Amanda Guidotti e Luiza Rached no trabalho de conclusão do curso de Biomedicina estão as bactérias E. coli, S. aureus, K. pneumoniae, Acinetobacter e os fungos Candida albicans e C. krusei.
"Em 24 horas
cresceram as bactérias e em até cinco dias cresceram os fungos. Surpreendeu. A
gente não imaginava que iam crescer tantos tipos de bactérias e fungos",
diz Luiza.
"Nas placas [de laboratório], as colônias crescem. Na
geladeira, elas são invisíveis, mas basta só um pouquinho desse micro-organismo
no alimento para a pessoa desenvolver algum problema de saúde", explica
Amanda.
Veja a quantidade máxima de micro-organismos encontrados em
uma única unidade dos itens analisados:
Maçanetas - 310 mil bactérias e 3,3 mil bolores e leveduras
Prateleiras - 520 mil bactérias e 15 mil bolores e leveduras
Porta-ovos - 270 mil bactérias e 3,8 mil bolores e leveduras
Gavetas - 610 mil bactérias e 21 mil bolores e leveduras
Borrachas de vedação - 420 mil bactérias e 1,6 mil bolores e
leveduras
A gaveta chamou a atenção no estudo, e a pesquisadora
explica que é porque ela fica fechada e, às vezes, úmida. Isso favorece o
desenvolvimento dos micro-organismos, assim como deixar a geladeira aberta por
muito tempo.
"A quantidade que
nós encontramos é suficiente para causar um desconforto numa pessoa considerada
saudável. Em uma pessoa com o sistema imunológico já debilitado, essa
quantidade pode ser preocupante. Principalmente crianças, idosos, ou pessoas
que tenham uma enfermidade", explica Rosana.
Origem da contaminação
A atenção para evitar a contaminação começa nas sacolinhas
de supermercado, passa pelas sujeiras presentes nos produtos - e vai até as
mãos do consumidor, que muitas vezes acessa a geladeira sem antes fazer uma
higienização com água e sabão.
"É o que nós
chamamos de contaminação cruzada. As bactérias do dinheiro acabam ficando nas
mãos da pessoa e, com as mãos, ela pega o alimento. Quando a pessoa o leva para
a sua casa, leva também os micro-organismos junto", diz a coordenadora
do estudo.
"Lavar o ovo antes de manipular, porque a contaminação
que fica na casquinha do ovo também passa para as mãos", orienta Rosana.
Aprenda a higienizar a geladeira
As pesquisadoras orientam que a limpeza da geladeira deve
ser feita no dia a dia, sem deixar acumular muita sujeira. Basta água e
detergente ou sabão neutro para retirar restos de alimentos, por exemplo. As
paredes também precisam de atenção na hora da higienização.
"A limpeza, é
fundamental ser de cima para baixo. É fundamental também a higienização das
maçanetas, porque a gente entra muito em contato, com as nossas mãos. E também
a borracha", ensina a coordenadora.
Rosana Siqueira recomenda o uso de água quente, pois os
micro-organismos não resistem a altas temperaturas, e deixar secar bem as
partes removíveis da geladeira antes de recolocá-las nas suas posições.
O cheiro da geladeira também merece atenção especial. O odor
que o consumidor sente já pode ser um indicativo de que há algo estragado na
geladeira. Bolores e leveduras têm cheiro forte.
"Basta usar um
pouco de bicarbonato diluído em água na geladeira ou vinagre diluído para
remover o cheiro. Também pode deixar um potinho com bicarbonato na porta da
geladeira", explica a coordenadora.
Mesmo com a manutenção no dia a dia, uma faxina mais
completa e precisa deve ser feita uma vez a cada um ou dois meses, orientam as pesquisadoras.
"A maior parte das intoxicações e infecções que nós
temos vem da nossa própria casa, e às vezes a gente acha que foi de um alimento
que a gente comeu fora. Essa quantidade de micro-organismos dentro da nossa
casa é preocupante", explica Rosana Siqueira. *G1
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