Quase metade, mais especificamente 49,8%, dos casamentos que acabaram em divórcio em 2020 tinha menos de dez anos. É um aumento significativo em relação a 2010, quando esse percentual era de 37,4%.
Os dados
fazem parte da consolidação das Estatísticas do Registro Civil, divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês de fevereiro.
O levantamento do IBGE mostrou que o número de divórcios concretizados após processo judicial diminuiu 13,6% em 2020 em relação a 2019. Os divórcios registrados em cartórios, no entanto, tiveram aumento de 1,1% em comparação com o ano anterior.
Outro dado, do Colégio Notarial do Brasil,
mostra que os divórcios consensuais, solicitados de forma simplificada
diretamente nos cartórios, mostra que 77.112 casais oficializaram a separação.
Em relação à diminuição dos divórcios judiciais no primeiro ano da pandemia, os técnicos do IBGE acreditam que a dificuldade de consolidação dos dados das varas de família, por conta do trabalho remoto, pode ter influenciado no resultado. A crise sanitária e a necessidade de isolamento social podem ter atrasado a tramitação dos processos.
Já no caso do aumento dos pedidos de divórcio verificados
nos cartórios, a pandemia da Covid-19 também é apontada como uma das principais
culpadas. A convivência forçada 24 horas por dia por conta do isolamento pode
ter acelerado a decisão pela separação.
Na experiência da advogada e coach de relacionamentos
Viviane Cristiane Teixeira Montero, que tem mais de 10 anos de atuação nas
áreas civil, trabalhista e de família, a pandemia potencializou pequenos
problemas diários, que antes passavam despercebidos e passaram a ganhar escala
que os tornaram impossíveis de resolver. A profissional, que já atuou apenas
com os trâmites judiciais do divórcio, hoje também ajuda os casais a entenderem
se esse é o único caminho ou a relação pode ser reestruturada.
“Nenhum casamento está isento de passar por crises e
conflitos. Isso faz parte de qualquer relacionamento afetivo. Porém nem sempre
é fácil perceber que o fim do casamento está próximo ou ainda é preciso buscar
ajuda para resolver os problemas”, comenta.
Montero também comenta que muitos casais a procuram para
entender se ainda é possível haver uma reconsideração da decisão de se separar.
Nesses casos, sua função é ajudar os dois cônjuges a entenderem, por meio de
vários questionamentos e muita conversa, o que eles realmente querem.
“Digo aos meus clientes que não há respostas fáceis para
essas perguntas difíceis sobre como saber quando o divórcio é a solução certa.
No entanto, para a maioria das pessoas, há um momento de clareza em que elas
sabem que o divórcio é a direção que sentem que devem seguir ou não. Esse
momento de clareza, geralmente, é um sentimento físico de alívio e um nó no
estômago, à medida que você entende a decisão que acabou de tomar. Nesse ponto,
você pode começar a desenvolver um plano para renovar seu compromisso com o casamento
ou avançar para a separação e o divórcio”, explica.
Mesmo quando o fim parece ter chegado, há chances de fugir
das estatísticas, relata advogada
Alguns comportamentos de um ou de ambos os cônjuges como
grosseria, excesso de críticas, desprezo, negatividade, fracasso na resolução
de conflitos e falta de sexo são alguns dos sinais de que o divórcio está
próximo, segundo Viviane Montero. Entretanto, segundo a advogada, mesmo com
todos esses sinais, há a possibilidade de salvar a relação e não fazer parte
das estatísticas.
“Ninguém deve viver infeliz em uma relação, mas é importante entender que os conflitos são normais e podem e devem ser solucionados, desde que haja amor e respeito. Partindo do desejo de reparação, o casal pode recorrer ao aconselhamento de casal, ou outra forma de mediação. Na maioria dos casos, quando esses sinais são muito evidentes, é preciso da orientação e mediação de outra pessoa para solucionar os conflitos”, aconselha. *Com informações do G1
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