Setecentas mil pessoas são portadoras de hepatites virais no
Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Silenciosa, a hepatite C é o tipo
que mais acomete os brasileiros: são 11,9 casos para cada 100 mil habitantes.
O
número expressivo levou, em janeiro de 2019, a ser sancionada lei que deu
origem ao Julho Amarelo, mês focado em ações de conscientização das hepatites
virais. Desde 2010, a OMS instituiu o dia 28 de julho como Dia Mundial de Luta
contra as Hepatites Virais.
Por não apresentar nenhum sintoma clínico, a hepatite C
geralmente é diagnosticada tardiamente, limitando a possibilidade de cura e
tornando o tratamento mais complexo. “Os sinais são dados pelo organismo no
estágio avançado, quando a enfermidade já evoluiu para cirrose e/ou câncer.
Por isso é tão importante conscientizar a população sobre essa doença, que é descoberta por meio de um exame de sangue” explica a Dra. Kátia R M Leite, diretora científica da Genoa/LPCM, marca do Laboratório de Patologia Cirúrgica e Molecular de São Paulo e Presidente eleita da Sociedade Brasileira de Patologia.
O diagnóstico precoce de hepatites ainda é raro no Brasil. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a cada 20 pessoas com a doença,
apenas uma tenha conhecimento. “A Genoa é parceira dos médicos quando analisa
as biópsias de fígado que identificam alterações decorrentes da infecção pelo
vírus da Hepatite C, avaliando a intensidade da inflamação e o estágio da
doença. Com o resultado em mãos, o especialista pode rapidamente prescrever o
melhor tratamento”, indica a especialista.
Ao ter contato com qualquer situação de risco, é necessária
a realização do exame. A Hepatite C pode ser transmitida pelo uso de agulhas
compartilhadas e realização de procedimentos como tatuagens, piercings,
manicure, além de sexo sem proteção. Qualquer tipo de troca sanguínea, mesmo
que mínima, é suficiente para adquirir a doença, que ainda não tem vacina.
Hoje, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) recebe e
trata integralmente os portadores de hepatites virais com medicações que
evoluem gradativamente. “O tratamento já pode ser realizado por via oral e as
chances de cura são superiores a 95%” explica a Dra. Kátia Leite, que ainda
confirma a presença desta terapia no Brasil desde 2017, quando foi aprovada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O método já é utilizado
em mais de 70 países. As hepatites A e B podem ser prevenidas com vacinação
altamente eficaz. Já o tipo C não tem ainda essa facilidade, porém, o tratamento
é bastante eficiente.
Saneamento básico é
fundamental
Segundo o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento
(SNIS), mais de 100 milhões de pessoas no Brasil não possuem sistema básico de
saneamento. A questão social expõe automaticamente estes brasileiros à hepatite
A, que é transmitida de forma oral-fecal. As crianças formam o maior público
deste grupo de risco e, por isso, devem ser vacinadas no SUS. “A vacina é a
forma mais eficiente de prevenir a hepatite A em crianças e adultos”, diz a
Dra. Katia Leite.
A universalização do sistema de saneamento básico também
resolveria este e muitos outros problemas de saúde pública relevantes do País.
O Plano Nacional de Saneamento Básico tem como meta levar água e esgoto para
todos os brasileiros até 2033. Porém, este prazo pode se estender até 2054 por
conta do alto valor de investimento.
Se não combatida ou tratada, a hepatite A pode causar
complicações como insuficiência hepática aguda. Na maioria dos casos, a
infecção pelo vírus da Hepatite A passa desapercebida, sem nenhuma manifestação
clínica, mas eventualmente pode levar a hepatite fulminante com necessidade de
transplante. A disponibilidade da vacina e a universalização do saneamento
básico eliminariam essa enfermidade do nosso meio. *Notícias ao Minuto
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