O governo de Cuba anunciou, nesta quarta-feira (14), o fim
de sua participação do programa Mais Médicos no Brasil. Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde do país
caribenho, a decisão é atribuída a questionamentos feitos pelo presidente
eleito, Jair Bolsonaro (PSL), à qualificação dos médicos cubanos e à exigência
de revalidação de diplomas no Brasil.
Pelas regras do Mais Médicos,
profissionais sem diploma revalidado só podem atuar nas unidades básicas de
saúde vinculadas ao programa "nos primeiros três anos", como
"intercambistas".
A renovação por igual período só pode ser feita caso esses
profissionais tenham o diploma revalidado e o aval de gestores nos municípios.
No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a ausência de
revalidação do diploma era constitucional.
Cerca de 18 mil médicos atuam no programa —destes, 45% são
brasileiros e 47% são cubanos, vindos ao Brasil por meio de cooperação com a
Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). Os demais são intercambistas
estrangeiros.
Na nota, o governo cubano afirma que, desde a implantação do
programa, 20 mil profissionais atenderam a mais de 113 milhões de brasileiros,
residentes, especialmente, em regiões carentes. O Ministério de Saúde de Cuba
lista a atuação de seus médicos em países da América Latina e da África.
O governo cubano chama de inaceitáveis as ameaças de
alterações no termo de cooperação firmado com a Opas e diz que o povo
brasileiro saberá a quem responsabilizar pelo fim do convênio.
Em 2017, já no governo Michel Temer (MDB), o governo de Cuba
chegou a suspender o envio de um grupo de médicos devido ao aumento no número
de ações judiciais de profissionais daquele país que buscavam a permanência no
Brasil e no Mais Médicos além dos três anos iniciais previstos no contrato.
Na ocasião, o Ministério da Saúde contabilizava 88 ações de
médicos cubanos que pediam para continuar no programa e no Brasil. A pasta
federal já havia anunciado a intenção de substituir parte dos médicos cubanos
por brasileiros.
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