O Ministério da Saúde registrou, em 2018, 141,4 mil casos de
acidentes com escorpiões no Brasil, número bem superior os 125 mil de 2017. Em
2016, foram 91,7 mil casos. Com relação às mortes, em 2016 foram registrados
115 óbitos em todo o país e, em 2017, 88.
De acordo com o MS, o número de
ataques do animal peçonhento aumenta no verão, no período de dezembro a março,
pois o clima úmido e quente é ideal para o aparecimento destes animais, que se
abrigam em esgotos e entulhos.
Os escorpiões que habitam o meio urbano se
alimentam principalmente de baratas, portanto são comuns também em locais
próximos a áreas com acúmulo de lixo. A adoção de hábitos simples é fundamental
para prevenir acidentes.
DICAS
Nas áreas externas, as principais dicas são manter jardins e
quintais livres de entulhos, folhas secas e lixo doméstico. Também é importante
manter todo o lixo da residência em sacos plásticos bem fechados para evitar
baratas, que servem de alimento e, portanto, atraem os escorpiões.
Nas casas que possuem gramado, ele deve ser mantido aparado.
Outra recomendação é não colocar a mão em buracos, embaixo de pedras ou em
troncos apodrecidos e usar luvas e botas de raspas de couro para realizar
atividades que representem certo risco, como manusear entulhos e materiais de
construção, e nas atividades de jardinagem.
Nas áreas rurais, além de todas essas medidas, é essencial
preservar os inimigos naturais dos escorpiões, como lagartos, sapos e as aves
de hábitos noturnos, como a coruja. Estes são os principais predadores dos
escorpiões.
O Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos
químicos (pesticidas) para o controle de escorpiões. Estes produtos, além de
não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em
ambiente urbano, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando
a chance de acidentes.
MAIS VULNERÁVEIS
Os grupos considerados mais vulneráveis são os trabalhadores
da construção civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro
de casa ou nos arredores e quintais. Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os
trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros,
por manusearem objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados.
A grande maioria dos acidentes com escorpiões é leve e o
quadro local tem início rápido e duração limitada.
Os acidentados apresentam
dor imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção
(pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático.
As crianças abaixo de sete anos apresentam maior risco de
apresentar sintomas longe do local da picada, como vômito e diarreia, principalmente
nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem a
aplicação do soro em tempo adequado.
SOCORRO
A recomendação é ir imediatamente ao hospital de referência
mais próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para identificação da
espécie, permitindo assim uma avaliação mais eficaz sobre a gravidade do
acidente.
É importante lembrar que não é em todo caso de acidente que
o soro será indicado, e apenas o profissional de saúde poderá fazer essa
avaliação. O antiveneno é indicado em casos moderados ou graves. Limpar o local
da picada com água e sabão pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a
ida ao serviço de saúde.
Os casos leves, que não necessitam da aplicação do
antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes. Desta forma, o soro
antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do
Sistema Único de Saúde (SUS).
As ampolas são enviadas pela pasta aos estados, que são
responsáveis pela distribuição aos municípios e pela definição estratégica das
unidades de referência para o atendimento destes casos. Essa logística deve ser
feita de acordo com a situação epidemiológica de cada região e os estados
possuem também autonomia para remanejar o soro de uma cidade para outra quando
necessário. Os soros também não são disponibilizados na rede particular de
saúde.
No Brasil, a espécie de escorpião que causa mais acidentes,
Tityus serrulatus, tem se expandido para um número maior de cidades, onde até
então não era encontrada. Esta espécie possui facilidade para se reproduzir e
colonizar novos ambientes.
No ano passado também foram registrados milhares de
acidentes envolvendo animais outros animais peçonhentos como aranhas, cobras e
lagartas, que estão cada vez mais presentes no meio urbano, adaptados ao
ambiente do homem devido ao crescimento acelerado dos grandes centros.
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