Após consulta pública realizada pelo Ministério da
Infraestrutura, que teve fim na última quinta-feira,17, a história da placa
Mercosul continua após pressão de fabricantes e órgãos de trânsito sobre o
governo federal.
A maior parte das 305 sugestões reivindica as mesmas alterações solicitadas desde 2021 pelos Departamentos de Trânsito: iniciativas contra fraudes e clonagens, ações para reduzir os preços ao consumidor e o retorno da identificação de município e Estado nas chapas.
A expectativa dos
solicitantes é de que até a metade deste ano a Secretaria Nacional de Trânsito
(Senatran) atenda ao menos parte dos pedidos.
Ao UOL, Ivanio Inácio da Silva, presidente da Associação dos
fabricantes de placas do Estado do Mato Grosso (Afaplacas-MT), afirmou que a
discussão chegou a um ponto em que não há como a Senatran não se posicionar a
favor das fabricantes e dos Detrans.
“A secretaria tem em mãos diversos documentos que comprovam o aumento das fraudes e outros problemas envolvendo a simplificação da placa Mercosul. Acredito que, depois de ouvir todos os segmentos envolvidos, até a metade do ano, a Senatran traga mudanças positivas”, opina.
A AND apresentou à pasta da Infraestrutura, em 2021, uma série
de propostas para “aprimorar” o padrão Mercosul. Entre as críticas está o fim
do sistema de licitação para contratar as empresas de estampagem das placas,
substituído pelo credenciamento, sob responsabilidade de cada Departamento
Estadual de Trânsito.
Sendo assim, na maioria dos Estados o número de empresas
estampadoras, que aplicam os caracteres nas placas, aumentou consideravelmente
– sem reforço proporcional das equipes de fiscalização dos Detrans. Além disso,
o sistema de livre mercado, no qual cada fabricante pode arbitrar o preço a ser
cobrado, elevou os custos ao cidadão e ainda reduziu a arrecadação, alegam os
departamentos estaduais – que não estão mais autorizados a cobrar a taxa de
emplacamento do cidadão, como ocorria anteriormente.
De acordo com o Ministério da Infraestrutura, a realização
da consulta pública ocorreu para receber contribuições da sociedade civil para
revisar e consolidar atos normativos em um único documento, conforme previsto
no Decreto 10.139/2019. Mas o órgão não informa o teor das futuras alterações.
A partir do momento no qual a placa Mercosul entrou em
vigor, em setembro de 2018. Os itens de segurança que preveniam fraudes foram
retirados, como lacre, brasão dos municípios, ondas sinusoidais e efeito difrativo
no acabamento – deixando a placa, de acordo com as demandas das estampadoras,
cada vez mais fácil de ser clonada e alvo fácil de bandidos.
A ausência de homologação dos insumos também é questionada,
o que faz com que placas fabricadas com diferentes materiais sejam
comercializadas, com variação de espessura e cor, por exemplo, dificultando
ainda mais a identificação de fraudes.
Embora tenha uma grande mobilização dos Detrans e associações de fabricantes de placas por mais segurança, a placa Mercosul passou por mais uma mudança que abriu mão de itens de proteção contra fraude.
Na última quinta-feira, 17, foi aprovada uma resolução do Contran que exclui itens como filme térmico (hot stamp) com inscrição “Mercosul Brasil Mercosul” e marca d’água com emblema do Mercosul das placas pretas de veículos colecionáveis. Com isso, as placas de carros de coleção, com circulação restrita ao Brasil, estão ainda mais suscetíveis à fraudes.
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