A partir de desta terça-feira (12), os usuários brasileiros
do Instagram terão mais um recurso para se expressarem na rede social. Isso
porque a empresa vai começar a testar no Brasil uma nova ferramenta de vídeos
curtos com música.
Chamada de Cenas, a funcionalidade permitirá que qualquer
pessoa grave um filmete de até 15 segundos, fazendo uma coreografia ou uma
interpretação dramática de uma canção. É a primeira vez que o Instagram, que
pertence ao Facebook, começa o protótipo de uma função pelo Brasil.
Segundo a empresa, o recurso ainda está em fase de testes e
não há previsão de lançamento global. De acordo com Robby Stein, diretor de
produto global do Instagram, há vários motivos para a escolha – entre eles,
estão a forte cultura musical local e o alto engajamento dos brasileiros na
rede social.
“Os criadores e os usuários que se comunicam com amigos no País
utilizam muito as funções de música no Instagram”, explicou o executivo, em entrevista
exclusiva ao Estado.
A rede social não divulga o total de usuários que tem por
aqui – no mundo, são mais de 1 bilhão de pessoas ativas mensalmente na
plataforma. Na visão de Luiz Peres-Neto, professor da Escola Superior de
Propaganda e Marketing (ESPM), há uma boa promessa de que o Brasil se
transforme em um espaço de testes para redes sociais cada vez mais ativo.
“No
que diz respeito a experimentar novas ideias na área cultural, o brasileiro é
bastante aberto a fuçar e criar em cima (das possibilidades)”, afirma o
pesquisador. “Somos um grande laboratório de mídia a céu aberto.”
Recurso estará nos
Stories e na aba Explorar
Será possível visualizar as Cenas em duas áreas diferentes
do Instagram. Para quem quiser produzir seus próprios vídeos, será necessário
acessar os Stories, recurso popular de mensagens efêmeras da rede social.
Introduzida em agosto de 2016, a ferramenta deixa vídeos e fotos no ar por até
24 horas e já contabiliza 500 milhões de usuários ativos todos os dias no
mundo. Além disso, será possível assistir às Cenas mais populares dentro da aba
Explorar, que busca mostrar às pessoas as principais criações de
influenciadores e produtores de conteúdo na rede social.
Fazer um vídeo curto desses é fácil e não leva mais do que
alguns cliques. Em demonstração assistida pelo Estado, uma funcionária do
Facebook não levou mais do que dois ou três minutos para criar um filme curto
dançando “Macarena”, o hit latino dos anos 1990. Mais do que apenas simular a
clássica coreografia, porém, o vídeo também tinha efeitos de corte de cenas e
até uma mudança de penteado, tudo feito em sincronia com a canção do grupo Los
Del Rio.
A nova ferramenta vai utilizar os mesmos acordos de
licenciamento que o Instagram já possuía com gravadoras e artistas para o
Instagram Music – a funcionalidade, lançada no ano passado lá fora, permite que
usuários incluam trechos de músicas e letras em suas publicações. Segundo
Stein, a diversidade musical do Brasil, com gêneros como sertanejo e funk entre
os mais populares, não é um problema para os testes. De acordo com o executivo,
o novo recurso terá as mesmas regras de moderação de conteúdo para violência e
sugestões sexuais que já vigoram no restante da plataforma.
Cenas pode ser arma
contra Kwai e TikTok
Com o lançamento das Cenas, o Instagram não só testa um
recurso novo, mas também busca frear o avanço de aplicativos de vídeos curtos
que buscam um lugar na tela inicial de aplicativos dos celulares dos
brasileiros. Nas últimas semanas, programas chineses como o TikTok e o Kwai têm
ganhado popularidade por aqui, prometendo algo bastante parecido com a nova
ferramenta da empresa de Mark Zuckerberg: vídeos com música, edição esperta e
compartilhamento rápido.
“Estamos de olho no surgimento de plataformas de vídeos com
bastante foco em música”, disse Stein ao, sem falar em nomes específicos.
“Acreditamos, porém, que somos a única empresa a ter uma comunidade de
criadores e usuários bem formada, bem como uma edição fácil de conteúdo.”
Na visão de Peres-Neto, da ESPM, é difícil prever como será
a resistência dos chineses perante o Facebook – em outras temporadas,
desafiantes como o Snapchat acabaram tendo recursos imitados pela companhia e
perderam lugar. “A vida de produtos como Facebook e Instagram se dilata porque
são apps que têm alterações constantes.”
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