Um estudo divulgado nesta semana pela Rede de Observatórios
da Segurança, aponta dados preocupantes para a Bahia em relação à proteção das
crianças.
Segundo o relatório, em dois anos, a Bahia tem o segundo
maior índice de homicídios de crianças entre os cinco estados monitorados pela
Rede.
Além disso, a Bahia é o estado com mais casos de violência
sexual entre os monitorados do Nordeste e ainda lidera os casos de agressão física
contra crianças na região.
Para o historiador Dudu Ribeiro, coordenador da Rede de
Observatórios da Segurança na Bahia e co-fundador da Iniciativa Negra por uma
Nova Política sobre Drogas, os dados refletem a falta de políticas públicas,
especialmente para a população negra.
“Esse estudo reforça que há um quadro estrutural de distribuição da morte enquanto política de estado. E que ela opera a partir de diversos instrumentos, seja de segurança pública, seja do sistema socioeducativo, seja também nos próprios equipamentos educacionais ou na ausência de equipamentos de cultura no acesso à saúde.
Esses dados são reveladores de um processo histórico de distribuição
desigual de possibilidades de vida oferecidas pelo estado para população negra,
e mais do que isso, são reveladores de uma distribuição direcionada da morte
enquanto por isso cedo estado”, crítica Dudu Ribeiro
Os dados integram o boletim Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes da Rede de Observatórios da Segurança.
O levantamento, que apresenta dados de junho de 2019 a maio de 2021,
foi feito pelas pesquisadoras da Rede em cinco estados: Bahia, Ceará, Pernambuco,
Rio de Janeiro e São Paulo. Os estados do Piauí e Maranhão chegaram na Rede em
agosto desse ano e ainda não estão nesse apanhado.
De acordo com o boletim, foram relatados 1473 eventos ou um
registro a cada 12h, entre casos de violência letal, sexual e institucional,
monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança em dois anos.
Segundo o órgão responsável pelo estudo, a maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança.
Um quadro agravado durante a pandemia. No total, após a observação dos dados dos cinco estados, é possível notar um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário