Pelo menos quatro estados brasileiros têm registros de casos da Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta.
A doença –que deixa
a urina com coloração escura, provoca dores musculares, falta de e
insuficiência renal, entre duas a 24 horas após consumir peixes ou crustáceos–
teve diagnósticos no Amazonas, na Bahia, no Ceará e no Pará.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Doença de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, o badejo, a arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, o lagostim e o camarão.
Como ela é pouco estudada, acredita-se que esses animais possam ter se
alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser
humano, provocam os sintomas. Contudo, a toxina, sem cheiro e sem sabor, surge
quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.
O quadro descrito nos pacientes graves é compatível com a rabdmiólise, doença que destrói as fibras que compõem os músculos do corpo. Quando associada ao consumo de peixes, a síndrome é conhecida como Doença de Haff.
O Amazonas registrou ao menos 61 casos da doença da urina
preta em dez municípios do estado. Uma mulher de 51 anos morreu em Itacoatiara.
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM)
informou que essa é a terceira vez que ocorrem surtos de doença da urina preta
no Amazonas. O primeiro foi em 2008, com 27 casos nas cidades de Manaus e
Careiro. Nenhuma morte foi registrada. O segundo foi em 2015, com 74 casos
registrados em Manaus, Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Autazes e
Urucurituba, também sem mortes
A Bahia identificou 13 casos da síndrome até o momento. De
acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), as notificações
foram feitas nos municípios de Alagoinhas, Salvador, Maraú, Mata de São João,
Camaçari e Simões Filho. No total, cinco permanecem em investigação.
De acordo com a Sesab, os 13 casos confirmados entre janeiro
e setembro deste ano são de pacientes de 20 a 79 anos. A faixa etária mais
acometida é entre 35 a 49 anos, com sete casos (53,8%), seguida da faixa etária
de 20 a 34 anos, com cinco casos (38,5%. Entre os casos confirmados, 66% são
homens.
No Ceará, a Secretaria da Saúde estado investiga a
ocorrência de nove casos suspeitos. Os números correspondem os registros até o
dia 21 de agosto e aguardam confirmação laboratorial da toxina presente em
peixes possivelmente contaminados. Dos nove casos suspeitos, quatro são homens
e cinco são mulheres, com idade média de 51 anos.
Três casos suspeitos da Doença de Haff são investigados no Pará. A maioria deles têm se concentrado na região do baixo Amazonas, que encontra-se no período de estiagem, quando há redução do volume na renovação da água nos ambientes naturais permitindo a proliferação de algas, o que pode ter propiciado a aparição da toxina. (G1)
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