quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Brasileiros tomam mais banho do que pessoas de outros países; Aneel pede moderação no chuveiro

Na mesma semana em que uma pesquisa comprovou que os brasileiros tomam mais banho e escovam os dentes com frequência maior do que cidadãos de outros países, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, recomendou que os banhos sejam menos demorados devido à crise hídrica que pode mergulhar o país num apagão.

A fama de população mais higiênica foi constatada em uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Em 2020, as vendas de produtos do seguimento cresceram 5,8% e no primeiro semestre desse ano, 4%.

O crescimento na venda de produtos de higiene, claro, foi intensificado durante a pandemia da Covid-19, não só por aqui como também em outros países. No entanto, a análise indica que no Brasil isso só reforçou um hábito da população que agora, se depender da escassez de água nos reservatórios, terá de ser comedido.

Para forçar o brasileiro a economizar energia e evitar o apagão, foi criado o novo patamar de cobrança adicional da bandeira tarifária, em caráter extraordinário e chamado de bandeira de “escassez hídrica”. Ele servirá para cobrir o rombo de R$ 13,8 bilhões. A medida valerá entre setembro deste ano e abril do ano que vem com a cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos, em substituição à bandeira vermelha Patamar 2 com cobrança atual de R$ 9,49/100 kWh.

A decisão de criar a nova bandeira tarifária partiu da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg), uma espécie de comitê de crise formado por ministros para aprovar medidas excepcionais para enfrentar o cenário de escassez hídrica.

Pepitone explicou que a arrecadação adicional da bandeira da “escassez hídrica” será capaz de zerar impacto das despesas do setor sobre a tarifa de 2022. “A bandeira tarifária da Aneel tem uma metodologia e esse custo adicional transcendente [de R$ 8,6 bilhões], está fora. (...) Por isso, a necessidade de criar uma bandeira extraordinária no valor R$ 14,20, o que é necessário para zerar essa conta em abril e isso não ter repercussão tarifária no ano de 2022”, disse o diretor da agência a jornalistas.

O diretor da Aneel destacou que o acionamento da bandeira de “escassez hídrica” no lugar da bandeira vermelha 2 trará um impacto de 6,78% nas contas dos consumidores, embora a variação do custo adicional seja no patamar de 50% — salta de R$ 9,49 para R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

“Dos três vilões da economia, se é assim que a gente pode rotulá-los, [o primeiro] é o chuveiro elétrico. O primeiro é o chuveiro elétrico, então a recomendação que a gente faz é evitar banho demorado; é fechar a torneira enquanto se ensaboa; é, sempre que possível, ajustar a temperatura para a posição ‘verão'”, disse Pepitone, em coletiva de imprensa.

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