sexta-feira, 6 de julho de 2018

Alerta: Cerca de 150 mil baianos têm hepatite C e não sabem


Cerca de 150 mil baianos convivem com a hepatite C e não sabem que possuem a doença. Desse total, 50 mil estão em Salvador. A estimativa é do Comitê Estadual de Hepatites Virais. 

Especialistas alertam que é uma doença grave e silenciosa, mas que o diagnóstico pode ser obtido através de um teste rápido, que é realizado sem custos nos postos de saúde e com resultado em 20 minutos. O tratamento também é gratuito, e a cura pode ser alcançada após três meses de uso de medicamento.

"A partir deste ano, os portadores de hepatite C podem contar com um medicamento eficaz que cura 95% dos casos em um intervalo de três meses. O Brasil quer erradicar a doença até 2030", explica Maria Isabel Schinoni, vice-coordenadora do Comitê, professora da Faculdade de Medicina da Ufba e médica do setor de gastro-hepatologia do Hospital das Clínicas.
De acordo com a hepatologista, o número de casos não diagnosticados no estado, baseado na prevalência, é preocupante, por se tratar de uma doença totalmente silenciosa. "Quando aparecem os sintomas, já é tarde, pode ocorrer uma cirrose e evoluir para um câncer de fígado", alerta.

O público-alvo para o teste rápido são as pessoas que possuem mais de 45 anos ou que fizeram uso de seringas não descartáveis, pacientes com diabetes, ou que fizeram transfusão ou grandes cirurgias antes de 1992, além dos pacientes que fazem hemodiálise.

"Uma vez diagnosticada a doença, a pessoa passa a receber o tratamento, que é caro, de graça, podendo tratar e curar a doença. Antes, a medicação era mais agressiva, provocava efeitos colaterais e o tratamento era mais longo. Isso não existe mais", explica a médica, destacando que a hepatite C é a segunda causa mais frequente de transplante de fígado.

Os sintomas também podem ser manifestados fora do fígado. É que a doença pode atingir as articulações, provocar problemas renais e de pele. "A doença pode levar até 30 anos incubada. A vantagem é que é curável, temos drogas boas para o tratamento, diferente do HIV, que não tem cura".

Grave problema de saúde pública

As hepatites virais são consideradas um grave problema de saúde pública. Com a falta de diagnóstico precoce, a hepatite pode evoluir, provocando cirrose, câncer de fígado, doenças de pele, renal e até diabetes, quando não tratada adequadamente.

Ao todo, são cinco tipos: A, B, C, D, E. Sendo que na A e na E, a forma de contaminação é fecal-oral, enquanto as hepatites B, C e D são transmitidas pelo sangue (via parenteral, percutânea, vertical), esperma e secreção vaginal (via sexual).

Julho Amarelo

Para prevenir a transmissão e combater a doença, julho foi designado o mês de luta, prevenção e controle das hepatites virais. O “Julho Amarelo”, como ficou definido por Lei Estadual, visa mobilizar e sensibilizar tanto a sociedade quanto os profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico. Entre as ações, estão a orientação para que todo médico solicite o exame para pacientes acima de 45 anos, além de incentivar as pessoas a realizarem o teste rápido nas Unidades Básicas de Saúde.

Coordenador do Comitê, o hepatologista Raymundo Paraná explica que as hepatites B e C associam-se frequentemente a complicações como a cirrose hepática e o carcinoma hepatocelular. A hepatite B infecta hoje 300 milhões de habitantes no mundo e cerca de 1 milhão de brasileiros e tem uma relação muito próxima com o câncer de fígado.

No entanto, embora a vacina para a hepatite B seja disponibilizada na rede pública, a procura não é suficiente, motivo pelo qual as campanhas servem de alerta”, ressalta o médico. Já os testes rápidos, voltados para identificar os tipos B e C, também são disponíveis na rede pública, e os resultados saem com cerca de 20 minutos.

Saiba mais sobre as hepatites virais

É uma doença crônica do fígado que pode ser decorrente de diversas causas. Algumas das mais comuns são as hepatites C e B, que, por serem doenças silenciosas, muitas vezes podem passar despercebidas. Longe de ser insignificante, a doença hepática crônica é responsável, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pela morte de cerca de 1,4 milhão de pessoas por ano.
O tradicional Julho Amarelo é uma forma de ampliar as discussões acerca do diagnóstico precoce e tratamentos das hepatites virais. 

Dentre os tipos mais comuns estão a hepatite A, que provoca apenas hepatite aguda e pode ser transmitida pelo contato oral-fecal entre pessoas ou por alimentos e água contaminada; a hepatite B transmitida principalmente pela via sexual e a hepatite C, cuja infecção ocorre por meio de sangue contaminado (compartilhamento de material perfuro-cortante). Com sintomas que muitas vezes não são notados, as hepatites B e C podem evoluir para quadros crônicos, cirrose e câncer de fígado. Para um acompanhamento mais adequado e obtenção da cura, é importante que o diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível.

A doença representa um importante problema de saúde pública. A hepatite crônica C, por exemplo, tem uma prevalência significativa no Brasil e no Mundo. Cerca de 2 milhões de brasileiros são infectados cronicamente por ela; destes, de 10 a 20% irão evoluir para uma cirrose hepática ao longo de 20 anos. * CORREIO

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