Dados do IDF (International Diabetes Federation), mostram
que hoje 14,25 milhões de brasileiros têm diabetes. A previsão é de que este
número salte para 23,28 milhões em 2040.
Pior: um estudo inédito realizado no
Reino Unido com 56.510 participantes revela que o diabetes dobra o risco de
desenvolver catarata. A doença responde por 49% dos casos de cegueira tratável no
Brasil.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido
Burnier isso acontece porque os depósitos de glicemia nas paredes do cristalino
e as oscilações glicêmicas aumentam a formação de radicais livres que levam ao
envelhecimento precoce da lente do olho. Portanto, o controle do diabetes desacelera
a formação da catarata.
O oftalmologista afirma que muitas pessoas só descobrem o
diabetes no consultório oftalmológico durante um exame de fundo do olho. Isso
porque, os vasos da retina sofrem alterações que indicam a doença. O médico
explica que o diabetes é causado pela produção insuficiente no pâncreas de
insulina, hormônio que faz a glicose penetrar nas células. Também pode ser
causado por resistência à insulina que impede a absorção da glicose pelas
células. Resultado: a glicemia fica acumulada no sangue.
Ele ressalta que 90% dos casos de diabetes são do tipo 2 que
é assintomático. Os fatores de risco são o envelhecimento, sobrepeso,
colesterol alto, stress e sedentarismo. “Todos estão em ascensão no Brasil,
progridem sem alarme e fazem metade dos diabéticos nem desconfiar que estão
doentes”, comenta. Por isso, recomenda para quem já passou dos 40 anos e tem
algum familiar próximo com diabetes fazer exame de sangue periodicamente. Esta
simples prevenção pode fazer muita diferença na qualidade de vida.
Os sintomas do diabetes tipo 1 são claros: sede, aumento da
micção, cansaço, perda súbita de peso e fome. O problema, ressalta, é que
atinge apenas 10% dos que têm a doença. Quanto antes for iniciado o tratamento,
menor o estrago para toda a saúde.
Cirurgia melhora
acompanhamento
Queiroz Neto afirma que a catarata deixa a visão embaçada
porque torna opaco o cristalino, lente interna do olho que responde pelo foco
de imagens próximas e distantes. Quanto mais avança, maior é a dificuldade de
enxergar, até a completa cegueira. O único tratamento é a cirurgia. A operação substitui
o cristalino opaco por uma lente intraocular transparente. Em muitas pessoas
elimina a necessidade de usar óculos, inclusive de leitura. “Os riscos da
operação aumentam quanto mais avançada está a catarata. Isso porque,
impossibilita ao cirurgião enxergar o fundo do olho e o cristalino fica muito
rígido, podendo ocasionar lesões na retina durante a extração”, explica. Por
isso, a cirurgia é indicada logo que a catarata começa atrapalhar as atividades
cotidianas. Em diabéticos permite acompanhar as alterações na retina e
continuar enxergando perfeitamente bem. O segredo é a prevenção.
Outras doenças
oculares
O oftalmologista afirma que o aumento da glicemia no sangue
dificulta a circulação em todo o corpo, inclusive nos pequenos vasos do globo
ocular. Isso faz com que além da catarata, aumente o risco de desenvolver
glaucoma neovascular e retinopatia diabética, importantes causas de perda
definitiva da visão. “Depois do diagnóstico o padrão de tratamento é passar por
consulta oftalmológica anual”, afirma. Quando o oftalmologista descobre
alterações no fundo do olho, observa, os intervalos das consultas são menores e
variam conforme a gravidade de cada caso.
“A hiperglicemia também resseca o filme lacrimal e faz
muitos diabéticos terem sensação de areia nos olhos, principalmente no calor
que contribui com a maior evaporação da lágrima”, salienta. Uma dica do médico
para diminuir o desconforto é beber bastante água. Quando a irritação persiste,
indica consultar um oftalmologista.
Terapias
A boa notícia é que duas terapias de ponta para tratar
alterações vasculares no fundo do olho hoje têm cobertura dos planos de saúde.
Uma delas é a OCT (Tomografia de Coerência Óptica). Queiroz Neto ressalta que o
exame permite a visualização detalhada da retina e do disco óptico. “É uma
tecnologia fundamental para o bom acompanhamento do glaucoma neovascular e da
retinopatia diabética, afirma. Mas só deve ser usada quando o paciente está
livre da catarata, observa. A outra é a injeção intraocular com antiangiogênicos,
medicação menos tóxica que a quimioterapia e a radioterapia indicadas para
retinopatia diabética, conclui.
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