Pesquisa realizada pelo Departamento de Psiquiatria da
Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), sobre a exposição excessiva às telas
de computador, televisão, celular tablet ou videogame mostrou que mais de 55%
das crianças avaliadas faziam as refeições assistindo televisão, e 28% passavam
longos períodos utilizando mídias de tela.
Além disso, o uso excessivo de mídia
de tela aumentou o risco de as crianças apresentarem habilidades motoras
pobres, acentuou a inatividade física e diminuiu as horas de sono. O estudo
abrangeu 900 crianças em idade pré-escolar, de 4 a 6 anos.
Para a pesquisa foram entrevistados pais ou responsáveis que
responderam a questionário para determinar o perfil de atividade física e
duração de sono da criança. As perguntas englobaram informações sobre os níveis
de atividade física das crianças, número de horas de sono durante a noite e o
dia, uso da mídia de tela e hábitos de uso.
Para o tempo de uso das mídias de
tela havia quatro opções de resposta: menos de 1h por dia; mais de 1h por dia
até menos de 2h por dia; 2h por dia; ou mais de 2h por dia.
“As crianças realizaram uma avaliação motora completa, com
testes como manuseio de objetos, andar em linha reta, pular, ficar na ponta dos
pés, imitação de gestos, noções de direita e esquerda, repetir frases e
reprodução de estímulos visuais e auditivos”, explicou a fisioterapeuta e
doutoranda do Departamento de Psiquiatria da EPM/Unifesp, que conduziu a
pesquisa, Erika Felix.
De acordo com Érika, o aumento do risco de comprometimento
das habilidades motoras em função do uso excessivo das telas se justifica pelo
fato de que a infância é um período crucial para o desenvolvimento motor e
cognitivo e é significativamente influenciada pelo ambiente.
“Assim, recomenda-se que crianças de até 11 anos realizem
pelo menos 60 minutos de atividade física por dia, tenham 2 horas ou menos de
uso de mídia de tela de lazer por dia e durmam de 9 a 11 horas por noite”,
disse.
Com a chegada da covid-19 no Brasil e a necessidade do
isolamento social, as atividades ficaram limitadas e as crianças aumentaram o
uso desses equipamentos. Segundo o levantamento, crianças de todas as idades
passavam, em média, cerca de 3 horas de seus dias nas telas antes desta crise,
período que passou para 6 horas, número que pode ser até maior, de acordo com a
pesquisadora.
“Temos que fazer o que é prático e possível no momento para
sobreviver, e isso inclui, também para as crianças, em ter mais tempo de tela.
Mas a supervisão dos pais é de extrema importância, enfatizando que o tempo na
tela não deve substituir a atividade física e o sono suficiente para todos”,
concluiu a fisioterapeuta.
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