Após ser aprovado na Câmara dos Deputados, o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff chega ao Senado nesta segunda-feira
(18). Na Casa, são previstas três votações em plenário até a conclusão do
processo, de acordo com estudo feito para o impeachment de Fernando Collor de
Melo em 1992.
Com o voto do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), a Câmara
alcançou, às 23h08, na sessão deste domingo (17), os 342 votos necessários para
que tenha prosseguimento no Senado. O parecer enviado pelos deputados deve ser
lido em sessão desta terça-feira (19).
Depois disso, os blocos ou líderes partidários deverão
indicar integrantes da comissão especial que analisará o caso. O colegiado será
formado por 21 senadores titulares e 21 suplentes.
As indicações devem respeitar o tamanho das bancadas de cada
partido, ou seja, siglas com mais senadores (PMDB, PT e PSDB) têm direito a um
maior número de integrantes na comissão.
Depois de composto, o colegiado tem até 48 horas para se
reunir e eleger o presidente, que deverá designar um relator. Como quinta-feira
(21) é feriado nacional, a sessão pode acontecer já na quarta-feira (20).
Uma vez designado, o relator terá 10 dias – não é definido
se são dias corridos ou úteis – para apresentar um parecer pela admissibilidade
ou não do processo de impedimento, que passará pelo crivo do colegiado. A
Secretaria Geral da Mesa estima que o parecer deverá ser votado na comissão até
dia 5 de maio.
Votação do parecer
Independente de recomendar a admissibilidade ou não do
processo pelo Senado, o parecer é enviado ao plenário da Casa. O documento é
lido e, após 48 horas, é votado nominalmente pelos senadores. A Secretaria
Geral da Mesa do Senado projeta que a votação aconteça entre os dias 10 e 11 de
maio.
Para ser aprovado, o parecer precisa do voto da maioria
simples – metade mais um – dos senadores presentes. Para a votação valer,
precisam estar presentes à sessão pelo menos 41, maioria absoluta, dos 81
senadores.
Se todos 81 senadores estiverem presentes à sessão, são
necessários 41 votos para o parecer ser aprovado. Aprovado o relatório da
comissão, o processo é instaurado e a presidente Dilma Rousseff, após ser
notificada, é afastada do cargo por 180 dias. O vice Michel Temer assumiria a
Presidência.
Apesar dos seis meses de afastamento da presidente, o
processo não precisa ser concluído neste período. Pode, inclusive, extrapolar o
prazo, o que possibilitaria Dilma Rousseff retornar ao cargo com o processo
ainda em andamento.
Caso o parecer seja rejeitado pela maioria simples dos
senadores, o processo é arquivado e Dilma permanece no cargo.
Segunda votação
Se os senadores determinarem a instauração do processo, o
caso volta à comissão especial. A presidente Dilma Rousseff pode ter dez ou 20
dias para responder à acusação. O prazo ainda precisa ser definido pela
Presidência do Senado. O colegiado dá início à chamada fase de instrução probatória
– produção de provas dentro do processo. Os autores do pedido de impeachment e
a presidente Dilma Rousseff podem ser convocados a depor ao colegiado. A
duração da fase de instrução probatória não foi determinada.
Fechada a fase de instrução probatória, os autores do pedido
de impeachment e a presidente Dilma Rousseff têm até 20 dias para apresentarem
as alegações finais por escrito. Após esse prazo, a comissão tem dez dias para
elaborar e votar um segundo parecer sobre a procedência ou não da denúncia.
Esse parecer é publicado no Diário Oficial do Senado e
incluído na ordem do dia dentro de 48 horas.
Depois, o documento é votado
nominalmente pelos senadores. Para ser aprovado, são necessários votos da
maioria simples dos senadores. Se for rejeitado, o processo é arquivado e a
presidente reassume o cargo.
Em caso de o parecer ser aprovado, é aberto um prazo de
cinco dias para possíveis recursos aoSupremo Tribunal Federal. Depois disso, a
íntegra do processo é encaminhada aos denunciantes e à presidente Dilma
Rousseff, que terão 48 horas para apresentarem argumentos a favor da denúncia e
defesa respectivamente. As partes também poderão indicar testemunhas para o julgamento
final.
Todo o processo é encaminhado para o presidente do Supremo,
Ricardo Lewandowski, que deverá marcar uma data para o julgamento e intimar as
partes e as testemunhas.
Julgamento final
Na data marcada, o presidente do STF, assume o comando dos
trabalhos. As partes podem comparecer pessoalmente ao julgamento ou serem
representadas por procuradores. As testemunhas também serão interrogadas pelos
senadores. Depois disso, as partes se retiram da sessão para discussão
entre senadores. O presidente do STF relata o processo com exposição resumida
dos fundamentos da acusação e da defesa e indica os elementos de prova.
Começa a votação nominal. Os senadores devem responder ‘sim’
ou ‘não’ à seguinte pergunta lida pelo presidente do STF: “Cometeu a acusada
Dilma Vana Rousseff os crimes que lhe são imputados, e deve ser ela condenada à
perda de seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para o
desempenho de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação?”. Para ser aprovado o impeachment, são necessários os votos de
dois terços dos senadores (54 votos). Se for rejeitado, o processo é arquivado.
O Presidente do STF lavra a sentença, que será assinada por
ele e por senadores presentes ao julgamento. A sentença é publicada no Diário
Oficial. A ex-presidente é notificada e o processo é encerrado.
Resumo do processo no Senado
– Após receber a autorização da Câmara para abertura do
processo por crime de responsabilidade, o documento terá que ser lido no
plenário;
– Assim como na Câmara, será criada uma comissão, de 21
senadores, observada a proporcionalidade, com presidente e relator. O relator
faz um parecer pela admissibilidade ou não, que precisa ser aprovado na
comissão e depois ir ao plenário. Isso porque o STF, ao estabelecer o rito do
processo de impeachment em dezembro do ano passado, definiu que o Senado tem o
poder de reverter a decisão da Câmara. O plenário do Senado precisa aprovar por maioria simples (metade mais um
dos presentes na sessão);
– Se aprovado no plenário, será considerado instaurado o
processo e a presidente será notificada.
É afastada por até 180 dias, recebendo
a partir daí metade do salário de presidente (R$ 30.934,70). Ela poderá se
defender e a comissão continuará funcionando;
– Haverá então a fase de produção de provas. Um novo parecer
da comissão deverá analisar a procedência ou a improcedência da acusação. De
novo, esse parecer tem que ser aprovado por maioria simples;
– Se aprovado, considera-se procedente a acusação e inicia a
fase de julgamento, que é comandada pelo presidente do Supremo Tribunal
Federal. Para que a presidente perca o cargo, o impeachment tem que ser
aprovado por dois terços dos senadores – 54 dos 81.
* Todos os prazos poderão ser alterados pelo presidente do
Senado. Com informações do G1 Brasília.
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