O glaucoma é uma doença crônica, que provoca lesões no nervo
óptico e não tem cura. Apesar da gravidade do quadro, quatro em cada dez
pessoas não sabem o que é, de acordo com levantamento realizado pelo Ibope
Inteligência.
O índice chega a 53% entre jovens com idade entre 18 a 24
anos e a 71% entre adultos com 55 anos ou mais. Há, ainda, diferença em relação
ao gênero: 44% dos homens consultados estão desinformados sobre o assunto,
contra 38% das mulheres.
A pesquisa, intitulada “Um olhar para o glaucoma no Brasil”,
avaliou o nível de conhecimento de 2,7 mil internautas sobre a doença. Os
participantes eram provenientes de sete estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Pernambuco.
Conforme destaca o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, que preparou uma seção de perguntas e respostas sobre glaucoma, em 80% dos casos, o paciente não apresenta sintomas logo que se instala.
Apesar disso, a doença pode causar cegueira, se não for tratada, aspecto desconhecido por mais da metade (53%) dos entrevistados da sondagem feita pelo Ibope Inteligência.Consultas médicas
Com a ausência de sintomas mais evidentes, a recomendação é
de que se consulte um médico oftalmologista regularmente, pois é quem poderá
fazer um diagnóstico precoce da doença. Para avaliar a saúde ocular do
paciente, o médico solicita ou realiza exames que permitam observar e aferir o
fundo dos olhos, campo visual e a pressão intraocular.
A consulta médica é fundamental, porque pode evitar que o paciente descubra tardiamente que tem a doença, quando já corre o risco de perder a visão, como frisa Augusto Paranhos Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), entidade que, em parceria com a Upjohn, divisão da Pfizer focada em doenças crônicas não transmissíveis, lançou uma campanha educativa sobre o tema.
A ação, de caráter preventivo, porém, esbarra em uma
consequência da desigualdade social: enquanto 83% dos entrevistados pertencentes
à classe A declaram ir ao oftalmologista pelo menos uma vez por ano, somente
46% dos entrevistados da classe C mantêm essa mesma frequência.
A proporção de entrevistados que informaram nunca ter ido a
uma consulta com um médico oftalmologista é de 10%, e 25% disseram que vão
somente quando sentem incômodo nos olhos. No grupo de pessoas mais jovens, os
números continuam preocupantes: 21% relataram nunca ter ido a uma consulta e 10%
foram uma única vez na vida.
Embora a maioria (73%) dos entrevistados com 55 anos de
idade ou mais compareçam ao consultório uma vez ou mais ao ano, um em cada
quatro deles não incorporou uma rotina nesse sentido. Além disso, 30% de todos
os entrevistados acreditam que devam procurar o oftalmologista somente depois
que começam a usar óculos e 23% após perceberem alguma perda de visão.
Segundo Paranhos Junior, outro ponto importante é a
percepção da maioria quanto ao tratamento atualmente disponível. No total, 51%
dos entrevistados não souberam opinar a respeito, acreditam não existir
tratamento ou imaginam que usar óculos ou lentes de contato diariamente é o
suficiente para se combater o glaucoma.
A automedicação também surgiu na pesquisa como um tópico
relevante. Ao todo, 28% dos entrevistados disseram discordar da necessidade de
consulta médica para uso de colírios ou que não têm posição formada sobre isso.
Entre os jovens de 18 a 24 anos, quase um terço (32%) afirmou acreditar que
esses medicamentos são inofensivos ou preferiram não opinar sobre a necessidade
de um médico prescrevê-los corretamente.
Fatores de risco
Especialistas também salientam o peso de determinados
fatores que aumentam as chances de alguém ter glaucoma. A propensão é maior
entre pessoas negras, que tenham histórico da doença na família (hereditariedade),
idosas, portadoras de alto grau de miopia ou que utilizem, de forma constante,
colírios com corticoide na composição.
Complementando os demais dados, os pesquisadores do Ibope Inteligência apontam que quase metade (47%) das pessoas ouvidas acredita que a relação entre hereditariedade e glaucoma é um mito ou declarou não saber desse fato. Já 90% não associam a patologia com o recorte étnico-racial, taxa parecida entre entrevistados negros (86%). Ainda em relação aos públicos de risco, verificou-se que 63% entendem que doenças metabólicas, como o diabetes, podem aumentar o risco de glaucoma. (Bahia.Ba)
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