Uma eliminação e fortes declarações transformaram o
departamento de futebol do Flamengo. Na última quinta-feira (29), seis
profissionais deixaram o clube em uma série de demissões não vista há muito
tempo na Gávea. Mas o que está por trás de tudo isso?
O ponto principal está no
fato de que o presidente Eduardo Bandeira de Mello não teve saída. Acuado, ele
foi obrigado a modificar a estrutura do carro-chefe na expectativa de salvar o
último ano da gestão.
O técnico Paulo César Carpegiani, o diretor executivo
Rodrigo Caetano, o gerente de futebol Mozer, os auxiliares Jayme de Almeida e
Rodrigo Carpegiani, além do preparador físico Marcelo Martorelli cruzaram a porta
de saída do Ninho do Urubu.
Por vezes, Bandeira já
precisou lidar com a ameaça de debandada dos vice-presidentes. Um dos
integrantes da diretoria disse que o Flamengo ficaria ingovernável se as
mudanças no futebol não fossem realizadas.
As declarações acaloradas do vice-presidente de futebol
Ricardo Lomba mostraram o que estaria por vir. Ao tratar a derrota para o
Botafogo como "vergonha absurda" e anunciar que mudanças seriam
realizadas, o dirigente colocou o comando em uma "sinuca de bico". De
quebra, atraiu o apoio dos demais vice-presidentes, que se viram espelhados nas
palavras firmes.
Isolado politicamente por centralizar as decisões, Bandeira
de Mello não teve saída. Demitiu os profissionais para tentar salvar a base de
apoio e fazer com que o Flamengo ainda tenha chances de conquistar títulos de
relevância na temporada. Chegou-se ao denominador comum de que a estrutura do
departamento de futebol, sob comando de Rodrigo Caetano, esgotou o modelo e
algo novo precisava ser feito nos últimos nove meses da administração.
Apesar de não poder se candidatar na eleição presidencial de
dezembro -ele já foi reeleito-, Bandeira sabia que optar pela manutenção de
Caetano e Carpegiani seria assinar um rompimento político, o que causaria uma
catástrofe para os planos eleitorais do seu grupo. A decisão, então, foi tomada
pela necessidade de resultados em um elenco milionário e também com claro viés
político.
Grande vencedor da crise, o vice de futebol Ricardo Lomba
cresceu internamente com pessoas influentes no clube e conselheiros. A atitude
era esperada há algum tempo e cobrada de forma firme pela oposição. O discurso
"profissional" saiu de cena e mostrou um Flamengo que ainda tem
decisões fortes sendo tomadas nos corredores da Gávea.
Agora, a diretoria trabalha pelos substitutos. Cuca e
Felipão são os técnicos mais falados. O Flamengo não quer demorar a resolver a
questão, já que o novo comandante precisa conhecer o elenco e trabalhar até o
dia 14 de abril, quando o rubro-negro estreia no Campeonato Brasileiro contra o
Vitória, em Salvador.
Um diretor executivo também será contratado. O profissional,
inclusive, terá a responsabilidade de avaliar o elenco. Neste cenário,
jogadores que seguem sem agradar podem ser negociados. * Folhapress.
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