Nos últimos oito anos, o número de fumantes passivos
diminuiu quase pela metade. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde feita
nas 26 capitais e no Distrito Federal, a proporção de pessoas que não fumam mas
são expostas à fumaça de cigarro caiu de 12,7% em 2009 para 7,3% no ano
passado, o que representa uma queda de 42,5%.
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (29) por conta
do Dia Nacional de Combate ao Fumo. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o tabagismo passivo foi a 3ª maior causa de morte evitável no
mundo, ficando atrás apenas do tabagismo ativo e do consumo excessivo de álcool.
Durante o evento para anúncio dos dados, o ministro da
Saúde, Ricardo Barros, disse ser favorável ao aumento no preço de cigarros,
seguindo recomendações mundiais de desestímulo ao uso do tabaco.
Queda de fumantes
De acordo com a pesquisa, a incidência de fumantes também
vem caindo: de 15,7% em 2006 para 10,2% em 2016, uma diminuição de 35% no
período. As reduções se devem, em parte, pelas medidas adotadas pelo governo
brasileiro nos últimos anos atendendo a recomendações da OMS, como a proibição
da propaganda comercial de cigarros, o estabelecimento de preços mínimos e o
aumento da taxação dos produtos. Além disso, o fumo em ambientes de uso
coletivo foi proibido em 2014, acabando com as áreas para fumantes e os
chamados fumódromos.
Segundo o ministério, 428 pessoas morrem por dia em
decorrência de doenças cuja causa é atribuível ao tabagismo, número que
representa 12,6% de todas as mortes que ocorrem no Brasil. Somente no ano de
2015, mais de 155 mil mortes foram atribuídas a doenças cardiovasculares e
pulmonares, além de diferentes tipos de câncer. Feita por telefone nas 26
capitais e no Distrito Federal, a consulta fez 53.210 entrevistas.
Aditivos em cigarros
O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer
(Inca) também voltaram a defender a proibição do uso de aditivos que dão aromas
e sabores adocicados aos cigarros. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) editou uma resolução em 2012 que restringe o uso das substâncias, mas
desde 2013 o Supremo Tribunal Federal concedeu uma decisão liminar permitindo
os aditivos até que o caso fosse julgado em definitivo, o que até hoje não
ocorreu.
A proibição é defendida pelas autoridades de saúde, já que a
experimentação e consumo de cigarro entre adolescentes tem reduzido mas
continua alto, de acordo com especialistas ligados ao tema: em 2015, 19% dos
estudantes do 9º ano das capitais brasileiras já haviam experimentado cigarro.
Em sua fala, o ministro da Saúde pediu que os deputados federais e
representantes de órgãos ligados à saúde presentes que visitem a ministra Rosa
Weber, do STF, com o objetivo de convencê-la a liberar o assunto para julgamento.
“Continuaremos investindo nessa área, aumentaremos as
campanhas, como um acordo de Saúde na Escola [em parceria] com o Ministério da
Educação, para poder também orientar as crianças para criar uma maior
resistência ao início de fumar, que justamente acontece na adolescência na
maioria dos casos”.
O representante da Organização Pan-americana da Saúde (Opas)
e da OMS no Brasil, Joaquim Molina, elogiou o desempenho das instituições
brasileiras no combate ao tabagismo. “O uso de tabaco é uma das principais
causas evitáveis de morte em todo o mundo, matando mais de 7 milhões por ano.
Seus custos econômicos também são enormes, gastando mais de US$ 1,4 trilhão em
postos de saúde. Parabenizamos o governo do Brasil, o Ministério da Saúde,
organizações da sociedade civil que lutam contra o fumo, reafirmando que a OPAS
e a OMS estão do lado de vocês nesta luta pela saúde”, disse. * Bocão News
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