O nome do presidente Michel Temer aparece 43 vezes no
documento do acordo de delação premiada de Cláudio Melo Filho,
ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é mencionado 45
vezes, e Moreira Franco, secretário de Parceria e Investimentos do governo
Temer, 35. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, que pediu demissão
recentemente, surge em 67 trechos.
O líder do governo no Congresso, Romero Jucá
(PMDB-RR), apontado como o "homem de frente" das negociações da
empreiteira no Congresso, tem 103 menções no relato, um arquivo preliminar do
que o ex-executivo vai dizer às autoridades da Lava Jato.
Segundo o delator, Temer incumbiu Padilha de operacionalizar
pagamentos de campanha. O ministro, diz o ex-executivo, cuidou da distribuição
de R$ 4 milhões daqueles R$ 10 milhões: "Foi ele o representante escolhido
por Michel Temer -fato que demonstrava a confiança entre os dois-, que recebeu
e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por
Michel Temer. Este fato deixa claro seu peso político, principalmente quando
observado pela ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4
milhões".
"Chegamos no Palácio do Jaburu e fomos recebidos por
Eliseu Padilha. Como Michel Temer ainda não tinha chegado, ficamos conversando
amenidades em uma sala à direita de quem entra na residência pela entrada
principal. Acredito que esta sala é uma biblioteca", disse o delator, que
conta detalhes do jantar.
"Após a chegada de Michel Temer, sentamos na varanda em
cadeiras de couro preto, com estrutura de alumínio. No jantar, acredito que
considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o Vice-Presidente da
República como presidente do referido partido político, Marcelo Odebrecht
definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10 milhões",
diz."Claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica
voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela
ocasião. Inclusive, houve troca de e-mails nos quais Marcelo se referiu à ajuda
definida no jantar, fazendo referência a Temer como 'MT'", ressalta o
ex-executivo da Odebrecht.
Um dos endereços de entrega foi o escritório de
advocacia de José Yunes, atual assessor especial da Presidência da República. Segundo o delator, "o atual presidente da República
também utilizava seus prepostos para atingir interesses pessoais, como no caso
dos pagamentos que participei, operacionalizado via Eliseu Padilha".
O delator disse que foi apresentado a Temer por Geddel em
agosto de 2005 na festa de aniversário de seu pai. Ao se referir ao ministro Padilha, ele afirma que o hoje
ministro "atua como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que
muitas vezes fala em seu nome", disse Melo Filho.
"Eliseu Padilha concentra as arrecadações financeiras
desse núcleo político do PMDB para posteriores repasses internos",
afirmou.
A relação entre os quatro caciques peemedebistas é muito
forte, segundo o delator, "o que confere peso aos pedidos formulados por
eles (ministros), pois se sabe que o pleito solicitado em contrapartida (pela
empresa) será atendido também por Michel Temer". "Geddel Vieira Lima também possui influência dentro do
grupo, interagindo com agentes privados para atender seus pleitos em troca de
pagamentos", disse o delator.
Melo Filho afirmou que defendia "vigorosamente" as
solicitações de pagamento feitas por Geddel junto à Odebrecht "como
retribuição" pelo fato de o ex-ministro lhe aproximar das outras
lideranças.
Sobre Jucá, ele declarou que um "exemplo" da força
dele é "encontrado no fato de que o gabinete do Senador sempre foi
concorrido e frequentado por agentes privados interessados na sua atuação
estratégica". Todos os citados têm negado qualquer irregularidade na
relação com a Odebrecht. Com informações da Folhapress.
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