Após quase 40 anos, uma casa de prostituição do interior da
Bahia fechou as portas e promoveu uma reviravolta em seu ramo de atividade:
virou igreja evangélica.
Os antigos frequentadores que passam por Jequié
logo percebem a mudança radical. Na fachada, leem “Onde abundou o pecado,
superabundou a graça”, mensagem da Assembleia de Deus Madureira.
A
responsável por isso é uma ex-cafetina. Maria Amenade Coelho, 67, fechou o
prostíbulo e, com apoio de evangélicos, abriu a igreja às margens da BR-116,
rodovia federal que corta a cidade.
Essa mudança radical da ex-cafetina levou também para a
igreja ex-clientes do local, garotas de programa e donas de prostíbulos fechados
antes no município. Numa noite de culto na semana passada, a Folha encontrou
dois ex-clientes assíduos cantando e dançando. “Vivia nesse local afundado na droga, bebida e sexo. Era só
perdição. Mas o exemplo dela [Maria] me deu forças para me libertar”, diz o
carregador de cargas Antonio Barbosa Teixeira, 35.
“Todo final de semana eu chegava aqui sete horas da noite e
só saía sete da manhã do outro dia, bebendo e me drogando. Roubei várias vezes
e cheguei a ficar no presídio por dois meses, mas agora estou liberto”, afirma
Jéferson Barbosa Ramos, 24. Nos cultos, a ex-cafetina agora convertida é reverenciada
como um exemplo de transformação e do milagre de Deus nas pessoas. Ela passou 38 anos na prostituição, segundo ela por “opção
de sobrevivência”.
A casa de prostituição que virou igreja tinha oito quartos
apertados com banheiro, paredes de reboco semiacabado e sem forro no teto. “Tinha muita droga, briga, só coisa ruim. Mas garanto que
estou arrependida de tudo que fiz e que hoje sou outra pessoa e estou buscando
a Deus”, afirma a Maria.
Segundo a polícia, ela chegou a ser presa nos anos de 1990
por causa de três garotas adolescentes que estavam se prostituindo no local.
Ela conta que se converteu após ficar três meses de cama por
causa de um problema na cartilagem dos joelhos. “Foi um momento de pensar na vida. Recebi visitas de
evangélicos que fizeram orações comigo por vários dias e me convenceram a sair
daquela vida”, afirma.
A fama do local era tanta que ainda hoje, depois de três
anos da mudança, caminhoneiros de outras cidades ainda são surpreendidos com a
igreja. “Não sabia da mudança. Bom para ela. Espero que tenha mudado mesmo”,
disse o caminhoneiro Nei Lima Santiago, 38, de Cascavel (PR).
Informações: Folha de São Paulo
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