Logo na chegada ao estúdio da Band, pouco mais de uma hora
antes do início do debate, os oito candidatos indicaram qual seria o principal
assunto da noite: estratégias para reduzir o contingente de desempregados no
país, atualmente em 13 milhões de pessoas.
Nas participações dos candidatos,
muito mais ousadia nas perguntas – para tentar pegar os adversários em alguma
falha – que nas respostas, medidas para evitar prejuízos eleitorais.
No estúdio, os candidatos foram posicionados, da esquerda
para direita, assim: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriotas), Geraldo
Alckmin (PSDB), Marina Silva (REDE), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos
(Psol), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
O mediador, jornalista
Ricardo Boechat, avisou no início que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) foi convidado a participar, mas foi impedido pela Justiça. O petista está
preso em Curitiba deste o mês de abril.
A pergunta de abertura, enviada por leitores do jornal
Metro, tratava-se exatamente sobre a geração de empregos. Mas, apesar da
promessa inicial dos candidatos e do claro desejo dos eleitores de conhecerem
as propostas, o candidatos usaram o tempo para se apresentar e dar as primeiras
“estocadas” nos oponentes.
Após Álvaro Dias, Daciolo ressaltou a ausência da resposta
do adversário. Também não disse como pretende enfrentar a situação. “Você tem o
direito ao trabalho e eu vou te dar um trabalho”, afirmou, com o olhar fixo
para a câmera.
Geraldo Alckmin (PSDB) colocou a questão do emprego e da
renda como questão central. Marina Silva também apontou para a necessidade de
retomar a credibilidade e apontou em direção aos outros candidatos: “aqueles
que criaram o problema não irão resolve-lo”.
Jair Bolsonaro e Guilherme Boulos se colocaram em posições
antagônicas em relação ao assunto. Bolsonaro defendeu uma abertura comercial e
uma redução de direitos para a ampliação no número de vagas. Do outro lado,
Boulos avisou que prioritariamente vai revogar medidas adotadas no atual
governo.
Meirelles se apresentou como o responsável pelo sucesso da
economia nos governos do ex-presidente Lula e do presidente Michel Temer.
Ciro prometeu criar dois milhões de empregos em um eventual
primeiro ano de governo dele, com medidas que vão estimular a retomada do
consumo, como a redução da inadimplência.
No decorrer do debate, Boulos e Bolsonaro voltaram a se
colocar em posições antagônicas. Àlvaro Dias e Bolsonaro trocaram perguntas
sobre temas caros ao eleitorado dos dois. Ciro e Alckmin fugiram de polêmicas.
Questionada por Alckmin sobre saneamento, Marina criticou o
PSDB do ex-governador paulista. “Já teve a oportunidade e não fez”, apontou a
ex-senadora. Alckmin preferiu manter a linha e enumerou ações que coordenou
quando esteve à frente do governo paulista. Posteriormente, em nossa rodada de
perguntas com Marina, Alckmin devolveu: “Nunca fui filiado ao PT, nunca fui
ministro de governo petista”. Marina foi.
Marina criticou a aliança do tucano com os partidos do
chamado “centrão” e Alckmin defendeu a necessidade de construção de um amplo
arco de alianças para a aprovação de reformas estruturais no país.
Perguntas diretas
Na primeira pergunta direta entre os candidatos, Boulos
questionou Bolsonaro, a quem chamou de “racista, machista e homofóbico”, a
respeito de uma reportagem da Folha de S. Paulo que o acusava de ter uma
funcionária fantasma. “Quem é a Val?”, perguntou Boulos. Bolsonaro negou as
acusações, negou que ela seja fantasma e defendeu a carreira política dos
filhos.
“Eu tenho moral pra indicar filho e o povo brasileiro confia
em mim. Sou uma pessoa humilde. Me orgulho de minha honestidade, não de invadir
patrimônio alheio”, disse em relação a Boulos, coornador nacional do Movimento
Sem-Teto. “Uns desocupados”, completou Bolsonaro.
“O problema é que o Bolsonaro representa velha política. Em
27 anos como deputados, apresentou 2 projetos e comprou cinco casas. Mais casas
que projetos”, respondeu Boulos.
Ciro se mostrou favorável à revisão da Reforma Trabalhista e
questionou os planos de Alckmin.
“Sou favorável, foi um avanço. Emprego e renda é o grande
desafio do Brasil. Tínhamos um grande cartório, com 17 mil sindicatos no
Brasil, sendo 11 mil de trabalhadores e 5 mil patronais”, respondeu.
Em sua participação, o Cabo Daciolo colocou em dúvida a
segurança das urnas eletrônicas e questionou Alckmin quanto à possibilidade de
se implantar o voto impresso. “Não tenho porque duvidar da segurança
eleitoral”, desconversou o ex-governador.
Em resposta ao senador Álvaro Dias, a respeito do aumento
dos casos de estupros no país, Bolsonaro voltou a defender um projeto, de sua
autoria, para a castração voluntária de estupradores, para a progressão de
regime. “Tenho esse projeto de lei para requerer castração química voluntária
para progressão de pena dos estupradores, mas ele não é aprovado porque falta o
apoio das feministas”, afirmou.
Direito de resposta
Bolsonaro teve direito a um direito de resposta, depois que
Boulos afirmou que ele teria sido expulso do Exército por supostamente plantar
bombas. “É uma mentira, sai por vontade própria quando fui eleito vereador.
Tenho orgulho do glorioso Exército Brasileiro e escolhi de lá o meu vice-presidente”,
respondeu Alckmin.
Boulos pediu direito de resposta em seguida, o que foi
negado. * Correio
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