Pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN),
divulgada nesta terça-feira (16), revela que 81% dos entrevistados se automedicam para
tratar dor de cabeça. Também é comum que as pessoas (50%) aceitem a indicação
de remédios feita por não profissionais.
O auxílio de médicos para tratar o
sintoma é uma opção para 61% dos entrevistados. Foram respondidos, de forma
espontânea, 2.318 questionários online, distribuídos pelas redes sociais.
O
estudo foi divulgado como parte das atividades do Dia Nacional de Combate à
Cefaleia, que ocorre em 19 de maio. “O número de pacientes que estão tomando medicação sem
orientação foi um dado que nos deixou alarmados”, afirmou o neurologista
Marcelo Ciciarelli, membro da ABN e coordenador da pesquisa.
A pesquisa identifica que 87% dos entrevistados sofrem de
enxaqueca. Ciciarelli explica que este é um tipo primário da cefaleia – nome
científico para a dor de cabeça – quando ela é a própria doença, e não o
sintoma de outra, como ocorre em uma gripe, por exemplo. Entre as
características clínicas da enxaqueca estão: dor em apenas um lado e de forma
latejante; com intensidade moderada a forte; com intolerância a barulho e a
luz; e associada a enjoo. Cerca de metade dos entrevistados sofrem com doença
de forma crônica, com ocorrência de dor por mais de 15 dias por mês.
Entre os que sofrem de enxaqueca episódica, 28% disseram
estar desempregados. Para os que têm a doença crônica, o percentual sobe para
33%. “[Essas pessoas] têm menor nível de emprego. Estão mais desempregadas,
mostrando o impacto na vida profissional das pessoas que sofrem esse tipo de
dor”, apontou o neurologista. As pessoas que sofrem de enxaqueca crônica são as
que mais abusam de analgésicos. Mais de 70% dos entrevistados disseram tomar
três ou mais doses semanais do medicamento.
O objetivo da pesquisa, ao identificar o perfil dos que
sofrem de dor de cabeça, é alertar para os casos em que ela deve ser tratada
para que não se torne uma doença crônica. O tratamento, explica Ciciarelli, é
preventivo e inclui o uso de medicamentos, mas também a adoção de outras
práticas, como atividades físicas, ajuste no sono, alimentação saudável,
ingestão de água e limitação do uso de analgésicos. “A dor serve para mostrar
que alguma coisa no organismo está errada, então ela nos alerta que algo
precisa ser tratado, precisa ser prevenido”, destacou. *Terra
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