No último ano, o Brasil teve dois meses adicionais de calor
extremo devido às mudanças climáticas. Entre 15 de maio de 2023 e 15 de maio de
2024, o país registrou em média 65,9 dias extras de altas temperaturas,
atribuíveis ao aquecimento global causado por atividades humanas. Mundialmente,
a média foi de 26 dias.
Esses dados foram divulgados em um relatório da WWA (World
Weather Attribution), Climate Central e Centro Climático da Cruz Vermelha e do
Crescente Vermelho. A análise utilizou técnicas de atribuição climática para
medir a influência do aquecimento global em eventos climáticos extremos.
O estudo identificou 76 ondas de calor em 90 países,
afetando 6,3 bilhões de pessoas, que experimentaram pelo menos 31 dias de calor
extremo. No Brasil, foram 81,8 dias de calor extremo, comparados a 17,8 dias
sem a influência das mudanças climáticas.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, com recordes
de temperatura dos oceanos e degelo marinho. Os últimos 12 meses superaram
recordes mensais de calor, resultando em eventos climáticos severos como
incêndios no Canadá, inundações na Líbia, seca na Amazônia e enchentes no Rio
Grande do Sul.
A queima de combustíveis fósseis aumentou a temperatura global em 1,2°C desde a era pré-industrial, intensificando os eventos climáticos extremos, especialmente as ondas de calor. O relatório destaca que o calor extremo é o evento climático mais mortal, com milhares de mortes anuais, muitas não relatadas.
Os países mais afetados pelo calor extremo foram Suriname,
Equador, Guiana, El Salvador e Panamá. Sem as mudanças climáticas, os dias de
calor extremo nesses países seriam significativamente menores.
A maior influência das mudanças climáticas foi detectada nas
Ilhas Marshall, onde uma onda de calor se tornou 35 vezes mais provável. Na
América do Sul, a crise climática aumentou em sete vezes a probabilidade de uma
onda de calor que afetou Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia em novembro de
2023.
A falta de dados e sistematização oficial dificulta a quantificação dos impactos das ondas de calor, mas está claro que afetam gravemente as populações mais vulneráveis. O calor extremo impacta saúde, infraestrutura, aumenta riscos de incêndios, poluição, perda de biodiversidade e afeta a agricultura e a segurança alimentar, causando prejuízos econômicos e sociais. *Com informações da Agência Brasil
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