Muito fogo, química e disposição. Todo início de relacionamento é marcado por uma enorme empolgação sexual.
Toda hora é hora
para transar, o desejo está sempre nas alturas e, se as circunstâncias não permitem
ir às vias de fato, os casais arrumam um jeitinho de, pelo menos, dar uns bons amassos.
Ah, o tesão do começo.
Com o tempo, porém, o entusiasmo vai arrefecendo. Isso
acontece, principalmente, entre os pares que estão juntos há um longo período
ou depois que passam a viver sob o mesmo teto). A rotina e o fato de o outro
estar sempre ali, por perto, diminuem significativamente a urgência sexual.
Para os especialistas, fases de sexo morno ou até sem atividade sexual alguma são comuns em relacionamentos duradouros – e não há problema algum com isso. “O ser humano não é estável.
Em alguns dias as pessoas acordam com mais libido, em outras menos. Depois, tudo volta à frequência em que o casal estava acostumado. Há vários fatores que podem contribuir para isso”, diz o psiquiatra e terapeuta sexual Eduardo Perin.
No começo, o foco é
descobrir o outro
No começo do namoro é comum um ficar 100% concentrado no
outro. A saudade estimula o desejo e ambos ainda estão na etapa de descobertas.
“No dia a dia, outras exigências vão surgindo, como as tarefas domésticas e as
questões profissionais.
O período de sexo morno fica ainda mais evidente quando o
casal tem filhos. É natural que haja um certo afastamento como casal”, afirma a
psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casal.
Sexo verbal: é
preciso falar sobre a seca
Além das demandas cotidianas um dos principais fatores por
trás de uma fase de “seca” é a falta de comunicação entre os casais. “O que
ocorre em diversas situações é que o sexo ainda é um tabu e, sendo assim, nada
é falado sobre o tema e cada um fica calado na sua”, comenta o psicólogo Yuri
Busin, diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental), em São Paulo. Isso
não quer dizer que a atração entre os dois acabou, mas que um fica à espera que
o outro tome a iniciativa ou adivinhe seus desejos e necessidades – e daí nada
acontece.
Um risco, para a maior parte das relações, é deixar de
alimentar o tesão, se acomodar e passar a viver como amigos. Há uma
cumplicidade, claro, mas o sexo, de tão negligenciado, passou a ser secundário
e, finalmente, desnecessário.
Outro problema, conforme Yuri, é a vida sexual empobrecida
ser um reflexo de outras questões que o casal tem e que, novamente, não são
faladas. “Isso pode conduzir o casamento para um fim. É sempre bom reavaliar as
atitudes e notar se é apenas na relação sexual ou se existem problemas que
estão afetando o relacionamento”, observa.
Traições, mágoas acumuladas, raiva, ressentimento e
discordância em pontos fundamentais, como finanças e educação dos filhos, podem
abrir uma brecha enorme entre os dois que se reflete na cama. Se o casal não se
dá conta disso ou até tem consciência, mas não sabe como resolver ou chegar a
um consenso, o ideal é procurar uma terapia de casal.
Mas, calma, que dá para
acender esse fogo novamente
A boa notícia é que, com empenho, disposição e, claro,
atitude, a temperatura do sexo pode subir novamente. O primeiro passo é abrir o
jogo a respeito. “A percepção se a relação está normal ou não depende de cada
um. Para algumas pessoas, fazer sexo uma vez por semana, por exemplo, é pouco.
Para outras, é o suficiente. O importante é o casal estar alinhado em seus desejos
e expectativas e, para isso, o diálogo irá ajudar sempre”, diz Yuri.
Outra dica importante é que o casal invista na maturidade
emocional, individual e como par, para compreender quais fases são normais e
quais representam um sinal amarelo. Enfrentar uma perda na família ou uma
situação de desemprego são questões pontuais que afetam a libido e merecem
compreensão, mas nutrir rancor por alguma pisada de bola e, por conta disso,
evitar o sexo exige uma providência – ou melhor, um diálogo franco.
Outra saída, de acordo com Marina, é provocar situações eróticas ou diferentes para que o clima de sedução volte a fazer parte da relação. A novidade sempre é um bom afrodisíaco. “É possível, sim, reverter um sexo mais ou menos se as pessoas estiverem dispostas a isso e voltarem a cuidar, juntas, do relacionamento. O sexo é fundamental, pois aproxima e fortalece o vínculo e a cumplicidade. Sem isso, o que rola é somente uma amizade”, fala. *Heloisa Noronha – Colaboração para Universa
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