Dores e inchaço nas articulações estão entre os sintomas mais comuns das doenças reumáticas. Apesar de estigmatizadas como problemas de idosos, essas doenças compõem um grupo de mais de 120 enfermidades, que acometem as juntas, ossos, músculos cartilagens e tendões, além da pele e dos sistemas respiratório e gastrointestinal.
Celebrado em 30 de outubro, o Dia
Nacional de Luta contra o Reumatismo alerta para Importância do diagnóstico
precoce e o impacto do tratamento adequado na qualidade de vida do paciente.
“As pessoas associam aos mais velhas, mas maioria das
doenças reumáticas surge por volta dos 35 e 40 anos tanto em homens quanto em
mulheres, no auge da vida profissional dos pacientes”, explica o presidente da
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), José Roberto Provenza.
Entre as doenças mais comuns estão a artrite reumatoide,
artrose, osteoporose, gota, tendinites e bursites, febre reumática e
fibromialgia. No entanto, segundo Provenza, a falta de diagnóstico precoce e
automedicação estão entre os maiores desafios no enfrentamento às doenças
reumáticas.
“O paciente que apresenta uma dor persistente, por exemplo, de 3 a 4 semanas, principalmente com acometimento bilateral de mãos e punhos, rigidez matinal, aumento de temperatura e inchaço nas articulações faz com que tenhamos que chamar atenção”, afirma Provenza. “No entanto, o acesso fácil à anti-inflamatórios e a automedicação retardam a vinda do paciente ao consultório e podem agravar a doença”, completou.
Atualmente, o tratamento de doenças reumáticas conta com as
chamadas drogas antirreumáticas modificadoras de doença que podem retardar o
progresso de enfermidades. No entanto, elas só fazem efeito adequado quando
administradas no surgimento do problema.
“Um paliativo não vai resolver por completo o curso da
doença. Em muitas delas, a cartilagem vai sendo corroída e uma vez destruída,
ela não recupera mais. A pessoa vai
ficando deformada. Assim, muitas vezes, a alternativa é conduzir o paciente
para o ortopedista colocar uma prótese, por exemplo” afirmou Provenza.
“Outro problema é o excesso de propagandas falsas sobre
produtos ditos como milagrosos, que prometem cura a doenças reumáticas. Temos
que ter muita atenção, porque há dezenas de medicamentos que não têm o menor
efeito e isso pode retardar o aparecimento do tratamento sério e do resultado
precoce. Deveria haver um rigor maior com a comercialização desses produtos”,
acrescentou.
Impacto
Segundo Provenza, outra limitação para o diagnóstico precoce
é o reduzido número de especialistas. No Brasil, atualmente são cerca de 1.800
médicos reumatologistas. A Região Sudeste concentra a maioria dos
profissionais, aproximadamente 700 médicos estão no estado de São Paulo.
De acordo com a SBR, as doenças reumáticas têm um forte
impacto no sistema de saúde do país. Entre setembro de 2019 a agosto de 2020,
mais de 100 pessoas por dia foram internadas em hospitais ligados ao Sistema
Único de Saúde (SUS) com sinais e sintomas compatíveis com alguma enfermidade
reumática, conforme revela o Datasus1. No total, foram 40.014 hospitalizações.
Caso não sejam tratadas, essas enfermidades podem causar uma
série de limitações e levar à incapacidade física, provocando o afastamento do
trabalho e a aposentadoria precoce. Estudo da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMU-USP)2 demonstrou que, em 2014, as doenças
reumáticas lideraram as concessões de benefícios da Previdência Social, com 19%
dos auxílios-doenças e 13,15% das
aposentadorias por invalidez.
Doenças
De acordo com Provenza, a fibromialgia é uma das doenças
mais comuns em consultório e afeta 2,5% da população mundial, independente do
gênero. Geralmente afeta mais mulheres do que homens e aparece entre 30 a 50
anos de idade. Para orientar a população, a sociedade de reumatologia tem uma
cartilha com as doenças mais prevalentes, os sintomas e os possíveis
tratamentos.
A doença se caracteriza por uma dor muscular generalizada,
crônica, que pode persistir por mais de três meses. No entanto, enfermidade não
apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Ela é acompanhada de
sintomas como sono não reparador e cansaço. Pode haver também distúrbios do
humor como ansiedade e depressão, e muitos pacientes queixam-se de alterações
da concentração e de memória.
Artrite reumatoide
Entre as mais comuns e graves está a artrite reumatoide, uma
doença que tem o potencialmente deformante caso não tratada precocemente. A
causa é desconhecida e acomete as mulheres duas vezes mais do que os homens.
Inicia-se geralmente entre 30 e 40 anos e sua incidência aumenta com a idade.
Os sintomas mais comuns são os da artrite (dor, edema, calor
e vermelhidão) em qualquer articulação do corpo sobretudo mãos e punhos. O
comprometimento da coluna lombar e dorsal é raro mas a coluna cervical é
frequentemente envolvida.
Gota
A gota é uma doença inflamatória que acomete sobretudo as
articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis
acima do normal.
No entanto, nem todas as pessoas que estiverem com a taxa de
ácido úrico elevada (hiperucemia) desenvolverão a gota. A maioria dos pacientes
é de homens adultos entre 40 e 50 anos e, principalmente em indivíduos com
sobrepeso ou obesos, com vida sedentária e usuários de bebidas alcoólicas com
frequência. As mulheres raramente desenvolvem gota antes da menopausa e
geralmente tem mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem.
Espondilite
Anquilosante
As manifestações da doença podem variar de somente um quadro
de dores nas costas contínua e significativa localizada principalmente na
região das nádegas, ou mais acima na região lombar. É uma doença mais grave e
sistêmica, acometendo várias outras juntas, os olhos, coração, pulmões, medula
espinhal e rins.
Normalmente, os pacientes desenvolvem os primeiros sintomas no final da adolescência ou no início da idade adulta (17 aos 35 anos de idade). (EBC)
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