O homem vive em média sete anos a menos que a mulher. A cada
três mortes de adulto, duas são de homens.
Segundo dados do Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, na faixa de 20 a 59
anos, os homens morrem mais por causas externas, como acidentes de trânsito,
acidentes de trabalho e lesões por violência.
O segundo motivo de morte entre
homens nesta faixa etária são as doenças do aparelho circulatório, seguida das
neoplasias. Comemorado neste sábado (15), o Dia Internacional do Homem traz
para o debate os cuidados com a saúde masculina no país.
Mitos
Para o o subcoordenador do serviço de urologia do Hospital
de Clínicas da Universidade de Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Augusto
Barbosa Reis, o principal mito em relação à saúde masculina é de que o homem
adoece menos que a mulher.
“Segundo esse mito, ele acredita que se procurar um médico,
vai achar uma doença. Na prática, ele vai evitar uma doença por conta das
orientções e vai se tratar para que o problema não se agrave”, diz Reis. “Há
falta de procura médica por medo associada à falta de informação, por acreditar
que não adoece e quando, de fato, adoece, não encontra horário adequado ao
período de trabalho”. Para o médico, o fato de a mulher buscar mais auxílio médico
ajudou a construir o mito.
Outro mito ressaltado pelo médico são as causas de
infertilidade da população. Segundo Reis, o homem é responsável por metade dos
casos em que há dificuldade na concepção e em, geral, atribui o problema
diretamente à parceira. “Ele coloca a responsabilidade sobre a dificuldade em
conceber uma gestação na parceira e adia a sua investigação. Com isso, o tempo
vai passando e a idade pode ser um fator negativo para se alcançar uma
gravidez”, explica.
Câncer de próstata
Desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o câncer de
próstata é o mais incidente entre os homens em todas as regiões do país,
segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A previsão é de que
68 mil novos casos surjam em 2017. Assim em outros tipos de câncer, o
diagnóstico precoce pode aumentar as chances de cura do paciente.
O urologista e conselheiro do Conselho Federal de Medicina
(CFM) Lúcio Flávio Gonzaga destaca que ainda não há protocolos internacionais
que definam o auto-cuidado para o câncer de próstata como há para a doença na
mama. “O que temos são dados atestando que a procura espontânea do homem pela
prevenção e esse rastreamento espontâneo impactam diretamente no índice de cura
e diminui o índice de mortalidade”.
A recomendação médica é que o homem, a partir dos 50 anos,
comece a fazer exames de prevenção, verificando as taxas do Antígeno Prostático
Específico (PSA), uma substância produzida pelas células da glândula da
próstata, além do toque retal. O médico ressalta que pacientes com histórico de
câncer de próstata na família, devem procurar um especialista a partir dos 45
anos.
“É constrangedor, mas depois que o paciente faz ele se sente
mais seguro. O exame retal não identifica apenas o câncer de próstata, mas o de
reto, que é prevalente na mesma idade e é muito mais mortal”, aponta. “É
importante desmistificar esse assunto”.
Sexualidade
A disfunção erétil, de acordo com o urologista mineiro está
associada ao diabetes mellitus, à hipertensão arterial e obesidade e pode ser o
primeiro sinal de que o homem está apresentando alguma doença cardiovascular.
“A impotência sexual atinge, em alguma medida, quase todos
os homens depois dos 40 anos. Atualmente ela é considerada um importante
marcador de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente
vascular cerebral”, afirma.
Outro aspecto ressaltado por Gonzaga é a exposição a doenças
sexualmente transmissíveis. Patologias como a sífilis congênita e a gonorreia
comuns no início do século passado têm preocupado as autoridades com o
crescente aumento de casos no país. Segundo o Conselho Federal de Medicina
(CFM), os casos de sífilis entre jovens (15-29 anos) cresceu 5.860% entre 2010 e
2015 (477 casos para 28.432).
Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS
(Unaids) também apontaram no ano passado que, entre adultos brasileiros, os
novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000. O estudo indicou
que, em 2015, 830 mil pessoas viviam com a doença no país, provocando 15 mil
mortes por ano.
“O que nos chama atenção é que o jovem tem informação sobre
as doenças sexualmente transmissíveis, o que falta é atitude com relação ao uso
do preservativo. Uma das fórmulas de estimular essa atitude é a consulta
médica, onde ele vai ser exposto aos benefícios em aderir ao uso do
preservativo”, avalia. Além dos jovens, o número de doenças sexualmente
transmissíveis têm crescido no país entre homens idosos.
Prevenção precoce
Apesar dos mitos e resistências em cuidar da saúde, uma
geração de brasileiros tem se empenhado na busca por longevidade e uma vida
saudável. Para o coordenador de Tecnologia da Informação Anderson Silva, de 41
anos, o incentivo da esposa para o tratamento de doenças ainda é um fator
importante na busca por assistência médica, mas não a única forma de cuidar da
saúde.
“Comigo, acontece ambas as situações. Algumas vezes, procuro
por conta própria e outras por indução da minha esposa. Na maioria das vezes, postergo
a ida ao médico, deixando para ir somente quando os sintomas ficam bem mais
graves. No meu ponto de vista, isso só piora a recuperação”, afirma.
Silva destaca que a prevenção de doenças está no seu cuidado
em ter uma dieta balanceada, acompanhada por nutricionista, além de atividades
físicas. “Pratico exercícios físicos três vezes na semana. Sempre que possível,
durmo, no mínimo, seis a sete horas por noite. Além disso, faço exames de
check-up periódicos”, conta.
O preparador físico de 34 anos, Marcus Vinicius Santos, tem
histórico familiar de câncer de próstata e problemas cardiovasculares e afirma
procurar assistência médica sempre que percebe sinais de que algo está errado
em seu organismo. Para identificação precoce de doenças, começou a fazer
check-ups há cinco anos.
“Faço acompanhamento médico anualmente, com a relização de
exames de sangue para monitorar apectos como o índice de colesterol, que podem
influenciar muito em problemas cardiovasculares. Para reforçar ainda mais essa
questão, faço controle do estresse, que é um severo desencadeador de doenças da
nossa atualidade, com atividade física diária, inclusive aos finais de semana.
Não existe milagre, a gente tem que se dedicar”, avalia. *Bocão News
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