A cena é comum e cada vez mais frequente: um casal está em
um mesmo ambiente - um restaurante ou um sofá-, próximos, mas um deles não
presta atenção no parceiro, está com a cabeça baixa, com os olhos e as mãos
dirigidos à tela de um celular.
A outra parte tenta puxar assunto, manter o
contato visual, mas não tem resposta. E o que se segue, naquele momento ou em
outro mais adiante, é uma discussão que desgasta a relação e pode levar até
mesmo ao rompimento do casal.
É o que mostra uma pesquisa recentemente
divulgada e que conclui que quanto mais interação no WhatsApp ou no Facebook
uma pessoa tem, maior é a chance de que essa pessoa acabe com seu casamento ou
namoro.
Roberts observou que há dois motivos principais para que a
prática de ignorar o parceiro ao lado (prática que em inglês já tem um nome:
phubbing) tenha um impacto negativo para o casal. Primeiro, porque o tempo em
que permanecemos conectados a um tela - seja de computador, tablet ou celular -
não está sendo empregado em fazer algo significativo para unir o casal.
Segundo, porque o hábito gera um mal estar que conduz,
"irremediavelmente" de acordo com o especialista, a conflitos e a uma
deterioração da relação. Além de que, as pessoas que sofreram o phubbing tendem
a se sentir deprimidas (a pesquisa mostrou que 36,6% das vítimas da prática
experimentaram esta sensação pelo menos uma vez).
"Na realidade, o problema se dá quando existe uma
descoordenação no casal, quando uma das partes experimenta uma sensação de
falta de atenção (por parte do outro)", explicou o psicólogo Enrique
Huete, professor da Universidad Cisnero, em Madri, citado pelo El País.
"Há outros casos em que os dois membros do casal utilizam muito o celular
na companhia do par ou que só se comunicam pelo WhatsApp, mas que não se sentem
agredidos pois estão em igualdade. Há um consenso", completou Huete.
O psicólogo afirmou que cada vez mais tem tratado em sua
clínica pessoas que desenvolveram alguma espécie de dependência do celular, e
que o phubbing é um motivo de reclamação
crescente quando um casal procura uma terapia. "São muitas queixas de que
o outro sempre está ao telefone e não presta atenção.
Curiosamente, são os
homens que mais se queixam. Porém, não posso dizer que esse é um problema que
demande uma terapia (de casal). Mas com certeza é um problema que influencia na
procura por ajuda", disse.
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