Maior componente do déficit do sistema geral de Previdência,
responsável por um "rombo" de R$ 91 bilhões no ano passado, a
aposentadoria dos pequenos produtores rurais deverá mudar.
O governo estuda
alterar a contribuição previdenciária dessas pessoas para, de um lado, reduzir
o déficit e, de outro, aumentar a segurança jurídica do contribuinte. Hoje, por
causa da dificuldade de comprovar o trabalho no campo, 30,2% das aposentadorias
rurais são concedidas por força de decisão judicial.
Ainda não há uma proposta fechada para atacar o problema.
Mas é bem provável que mude a forma como esses agricultores recolhem para a
Previdência.
Uma das alternativas em exame é criar uma contribuição mais
permanente, que pode ser um valor fixo. Ela terá de respeitar o fato de o homem
do campo ter renda sazonal e, em geral, mais baixa que a do trabalhador urbano.
Da forma que está hoje, o sistema de contribuição do
trabalhador rural tem vários problemas. Do ponto de vista do trabalhador, o
principal é que essa contribuição é recolhida pela empresa que compra a
produção. E ela não precisa identificar quem foi o vendedor. Ou seja, o
produtor rural não tem um comprovante de que a contribuição foi recolhida em
seu nome. Menos ainda se ele vende seus produtos para pessoas físicas, sem
emissão de nota fiscal.
Quando esse agricultor vai pedir aposentadoria, praticamente
não tem como demonstrar que passou a vida toda trabalhando no campo. Como
"prova", eles apresentam fotos, notas fiscais de compras de sementes
ou equipamentos agrícolas. Na dúvida, o funcionário do INSS tem orientação para
negar o benefício. Isso ocorre com frequência e, nesses casos, o produtor
recorre à Justiça. No ano passado, 30,2% dos 307.654 benefícios rurais foram
concedidos dessa forma.
Nos estudos da reforma, um dos objetivos é facilitar a
comprovação da atividade rural por esses trabalhadores. E atacar o alto nível
de informalidade e sonegação. Como o produtor rural só precisa recolher quando
comercializa, ele sempre pode alegar que não vendeu nada.
"É preciso ter cuidado para que não se exclua de vez os
produtores do sistema", diz o assessor de Previdência Social da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Evandro
Morello. Ele avalia que a adoção de uma contribuição fixa de fato ajudaria o
agricultor a comprovar seu trabalho no campo. Mas, ao mesmo tempo, seria uma
dificuldade para produtores que nem sempre têm o que comercializar. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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