O tarifaço aplicado pelo governo nas contas de luz ao longo
do primeiro semestre do ano já triplicou o crescimento da inadimplência no
setor.
Com aumentos nas tarifas superiores a 50% em algumas regiões do País, a
expansão dos calotes nas faturas saltou de uma variação média de cerca de 6% no
começo do ano para 17,35% em junho, na comparação com os mesmos meses de 2014.
A preocupação das distribuidoras de energia é que esse problema resulte no
crescimento de outro: os furtos de energia, popularmente conhecidos como
"gatos" na rede elétrica.
"Além do aumento nas tarifas, o cobertor
está cada vez mais curto devido ao aperto na renda e à alta dos juros. Com
isso, os consumidores estão atrasando até faturas essenciais, que acarretam o
corte de serviço, como é o caso das contas de luz. Nesse cenário, é ainda mais
importante que as famílias reavaliem seus orçamentos e economizem eletricidade,
evitem o desperdício", avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti.
E pior do que o crescimento dos débitos em aberto no setor, as dívidas
mais longas estão cada vez mais frequentes. O levantamento do SPC Brasil mostra
que 71,98% dos atrasos nas faturas se referem a contas de luz vencidas há mais
de 90 dias, prazo após o qual as companhias de eletricidade cortam o
fornecimento. E como se trata de um item básico nas residências, sempre que um
movimento desses é detectado, ocorre um aumento nas chamadas "perdas não
técnicas" de energia, ou seja, nos gatos nas redes.
"Esse é o pior
dos mundos. Com a dívida acima de 90 dias, além do corte de energia o
consumidor passa a ficar com o CPF negativado. E ele pode até conseguir fazer
um gato na rede de luz, mas não consegue fazer um gato para comprar qualquer
mercadoria a prazo", alerta Marcela.
"O importante é tentar
renegociar a dívida", orienta. Os dados mais recentes da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) mostram que a porcentagem desses gatos nas redes
das elétricas vinha caindo lentamente ou mantendo-se constante entre 2010 e
2014 para praticamente todas as distribuidoras.
Fonte: Estadão
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