A maioria dos telespectadores reclama da mudança no horário
da programação da TV aberta em razão da propaganda eleitoral gratuita.
Mas,
ironicamente, o blá-blá-blá dos candidatos tem registrado ótimos índices de
audiência nestes primeiros dias no ar.
Tanto a propaganda partidária vespertina
(das 13h às 13h50) quanto a noturna (das 20h30 às 21h20) conseguem dar mais
audiência do que vários programas tradicionais, inclusive alguns exibidos ao
vivo.
Isso acontece especialmente entre as três maiores emissoras, que
estão em constante guerra de audiência. A comparação a seguir baseia-se nos
números de Ibope aferidos em São Paulo na quarta-feira, 20 de agosto. Na Globo,
a propaganda política exibida no horário nobre marcou 16 pontos e empatou com o
futebol (Internacional x São Paulo) transmitido logo após ‘Império’.
Ficou
apenas 1 ponto atrás da novela das 18h, ‘Boogie Oogie’, e teve somente 3 pontos
a menos do que o ‘Jornal Nacional’. Venceu atrações como ‘Malhação’ e ‘Jornal
da Globo’. A cúpula global temia que seu principal e mais lucrativo
produto, a novela das 21h, sofresse com a mudança de horário — agora começa às
21h20 — ocasionada pelo programa político. Mas, por enquanto, ‘Império’ não foi
tão afetada. Marcou 30 pontos na terça e também na quarta.
Já na Record o horário eleitoral noturno atingiu anteontem a
média de 6 pontos e ficou entre as seis maiores audiências do dia, com mais
Ibope do que atrações ao vivo como ‘Hoje em Dia’, ‘Balanço Geral’ e ‘Programa
da Tarde’.
O caso do SBT é ainda mais curioso: os candidatos vistos na
faixa da noite conseguiram média de 7 pontos, o mesmo índice de ‘Chaves’, ‘SBT
Brasil’, ‘Roda a Roda Jequiti’ e ‘Programa do Ratinho’ — perderam apenas para
‘Chiquititas’. No canal de Silvio Santos, a propaganda eleitoral atraiu mais
telespectadores do que ‘Rebelde’, ‘Conexão Repórter’ e ‘The Noite’.
Com o crescimento significativo do mercado de TV paga e do
acesso das classes C e D à internet banda larga, existia a expectativa de que a
propaganda eleitoral gratuita teria Ibope menor este ano. Esse bom desempenho
inicial suscita algumas questões:
1-Quem não tem TV paga prefere assistir às promessas dos
candidatos a desligar a TV.
2-É fato: há quem acompanhe o horário eleitoral para rir das
bizarrices de certos candidatos que recorrem ao humor popularesco para pedir
votos. É o ‘Zorra Total’ da política.
3-A maioria dos brasileiros opta por apoiar seu partido
sentado no sofá, diante da TV, ao invés de fazer militância nas ruas, nos
comícios, no calor da campanha.
4-Mesmo com todos os canais abertos exibindo a mesma
propaganda eleitoral, a maior parte dos telespectadores ainda prefere deixar a
TV sintonizada na Globo. Um hábito transformado em aspecto cultural.
5.E, por fim, existe sim uma relevante parcela do público
que, mesmo falando mal dos políticos, faz questão de conferir o que eles têm a
dizer. Por isso coligações quase vendem a alma para ter mais tempo na
propaganda eleitoral. A visibilidade na telinha é decisiva para a vitória nas
urnas.
Informações: Voz da Bahia
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