sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Primeiro debate presidencial tem tom morno e poucos ataques


Logo na chegada ao estúdio da Band, pouco mais de uma hora antes do início do debate, os oito candidatos indicaram qual seria o principal assunto da noite: estratégias para reduzir o contingente de desempregados no país, atualmente em 13 milhões de pessoas. 

Nas participações dos candidatos, muito mais ousadia nas perguntas – para tentar pegar os adversários em alguma falha – que nas respostas, medidas para evitar prejuízos eleitorais.

No estúdio, os candidatos foram posicionados, da esquerda para direita, assim: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriotas), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (REDE), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT). 

O mediador, jornalista Ricardo Boechat, avisou no início que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado a participar, mas foi impedido pela Justiça. O petista está preso em Curitiba deste o mês de abril.

A pergunta de abertura, enviada por leitores do jornal Metro, tratava-se exatamente sobre a geração de empregos. Mas, apesar da promessa inicial dos candidatos e do claro desejo dos eleitores de conhecerem as propostas, o candidatos usaram o tempo para se apresentar e dar as primeiras “estocadas” nos oponentes.

Após Álvaro Dias, Daciolo ressaltou a ausência da resposta do adversário. Também não disse como pretende enfrentar a situação. “Você tem o direito ao trabalho e eu vou te dar um trabalho”, afirmou, com o olhar fixo para a câmera.

Geraldo Alckmin (PSDB) colocou a questão do emprego e da renda como questão central. Marina Silva também apontou para a necessidade de retomar a credibilidade e apontou em direção aos outros candidatos: “aqueles que criaram o problema não irão resolve-lo”.

Jair Bolsonaro e Guilherme Boulos se colocaram em posições antagônicas em relação ao assunto. Bolsonaro defendeu uma abertura comercial e uma redução de direitos para a ampliação no número de vagas. Do outro lado, Boulos avisou que prioritariamente vai revogar medidas adotadas no atual governo. 

Meirelles se apresentou como o responsável pelo sucesso da economia nos governos do ex-presidente Lula e do presidente Michel Temer.

Ciro prometeu criar dois milhões de empregos em um eventual primeiro ano de governo dele, com medidas que vão estimular a retomada do consumo, como a redução da inadimplência.
No decorrer do debate, Boulos e Bolsonaro voltaram a se colocar em posições antagônicas. Àlvaro Dias e Bolsonaro trocaram perguntas sobre temas caros ao eleitorado dos dois. Ciro e Alckmin fugiram de polêmicas.

Questionada por Alckmin sobre saneamento, Marina criticou o PSDB do ex-governador paulista. “Já teve a oportunidade e não fez”, apontou a ex-senadora. Alckmin preferiu manter a linha e enumerou ações que coordenou quando esteve à frente do governo paulista. Posteriormente, em nossa rodada de perguntas com Marina, Alckmin devolveu: “Nunca fui filiado ao PT, nunca fui ministro de governo petista”. Marina foi.

Marina criticou a aliança do tucano com os partidos do chamado “centrão” e Alckmin defendeu a necessidade de construção de um amplo arco de alianças para a aprovação de reformas estruturais no país.

Perguntas diretas

Na primeira pergunta direta entre os candidatos, Boulos questionou Bolsonaro, a quem chamou de “racista, machista e homofóbico”, a respeito de uma reportagem da Folha de S. Paulo que o acusava de ter uma funcionária fantasma. “Quem é a Val?”, perguntou Boulos. Bolsonaro negou as acusações, negou que ela seja fantasma e defendeu a carreira política dos filhos.

“Eu tenho moral pra indicar filho e o povo brasileiro confia em mim. Sou uma pessoa humilde. Me orgulho de minha honestidade, não de invadir patrimônio alheio”, disse em relação a Boulos, coornador nacional do Movimento Sem-Teto. “Uns desocupados”, completou Bolsonaro.

“O problema é que o Bolsonaro representa velha política. Em 27 anos como deputados, apresentou 2 projetos e comprou cinco casas. Mais casas que projetos”, respondeu Boulos.
Ciro se mostrou favorável à revisão da Reforma Trabalhista e questionou os planos de Alckmin.
“Sou favorável, foi um avanço. Emprego e renda é o grande desafio do Brasil. Tínhamos um grande cartório, com 17 mil sindicatos no Brasil, sendo 11 mil de trabalhadores e 5 mil patronais”, respondeu.

Em sua participação, o Cabo Daciolo colocou em dúvida a segurança das urnas eletrônicas e questionou Alckmin quanto à possibilidade de se implantar o voto impresso. “Não tenho porque duvidar da segurança eleitoral”, desconversou o ex-governador.

Em resposta ao senador Álvaro Dias, a respeito do aumento dos casos de estupros no país, Bolsonaro voltou a defender um projeto, de sua autoria, para a castração voluntária de estupradores, para a progressão de regime. “Tenho esse projeto de lei para requerer castração química voluntária para progressão de pena dos estupradores, mas ele não é aprovado porque falta o apoio das feministas”, afirmou.

Direito de resposta

Bolsonaro teve direito a um direito de resposta, depois que Boulos afirmou que ele teria sido expulso do Exército por supostamente plantar bombas. “É uma mentira, sai por vontade própria quando fui eleito vereador. Tenho orgulho do glorioso Exército Brasileiro e escolhi de lá o meu vice-presidente”, respondeu Alckmin.

Boulos pediu direito de resposta em seguida, o que foi negado. * Correio

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