terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Casos de câncer de colo de útero preocupam


O Brasil pode fechar o ano com um número de casos de câncer de colo de útero muito superior aos 17,5 mil estimados pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer). Apesar do número alarmante, o diretor do Instituto Oncoguia, Rafael Kaliks, considera a projeção do Inca conservadora. “Existe uma variabilidade muito grande do número de casos por 100 mil habitantes entre os estados e não tem motivo para uma região ter muito maior incidência do que outra. Existem locais onde os números não estão sendo documentados de forma adequada”, afirmou o oncologista. Kaliks destaca, por exemplo, a situação da doença na Região Norte do país, onde o câncer do colo de útero ainda é o tipo de câncer que mais mata mulheres. “É mais comum que o câncer de mama. Se pensar que se trata de um câncer que se pode prevenir e que ninguém deveria morrer por esta doença, já que com a detecção precoce existe cura, é uma tragédia permitir que esta seja a principal causa de morte por câncer na região.”

Para o diretor do instituto responsável pela divulgação de informações sobre vários tipos de câncer, apesar de todos os esforços que o governo vêm fazendo desde a década de 1990, os casos da doença estão aumentando.
Kaliks elenca duas razões para o cenário estabelecido. A primeira delas é a baixa adesão das mulheres ao exame de papanicolau. “Ou o papanicolau não está sendo feito nunca ou está sendo feito de forma irregular. O segundo motivo é que mesmo que uma mulher seja diagnosticada, em determinadas regiões, até que ela seja tratada, podem se passar meses e até um ano.
E, nesse período de atraso do tratamento, a doença acaba se espalhando ou se tornando intratável. Quando a mulher chega para operar ela não é mais operável e ela acaba morrendo pela doença.” O oncologista diz ser inaceitável que uma mulher morra por esse tipo de câncer em pleno século 20 e defende a inserção da vacina contra o HPV (vírus do papiloma humano, principal responsável pelo câncer do colo de útero) no calendário de imunização da rede pública de saúde.

“Se você tem cinco projetos de melhoria do rastreamento [exame e diagnóstico do vírus] ao longo de 20 anos e, apesar da implementação desses cinco projetos, a mortalidade está aumentando, você tem que ser honesto e dizer 'vamos fazer mais alguma coisa?'”, afirmou o especialista criticando a posição do governo que ainda não incluiu a vacina no programa nacional. “Além da educação sexual, teria o uso da vacina que diminui em 90% ou mais o risco do aparecimento de lesões pré-malignas. O governo se apoia no argumento de que não se sabe se ocorrerá redução dos casos de câncer para dizer que não está justificada a incorporação da vacinação contra HPV na rede pública. Quando o mundo inteiro está aderindo a essa vacina”, disse Kaliks.

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